21/02/2010

Entrevistando Geisiara Lima


Apesar da poesia não ser levada a sério na sua cidade, Geisiara Lima vem produzindo em larga escala, pretendendo rumar para novos horizontes logo mais. Eu entrevistei a jovem e agora exibo aqui o resultado.

Wander - Fale um pouco sobre você.
Geisiara - Sou uma criatura falante, gosto muito de se expressar através da palavra. Através de muita conversa com pessoas distintas me veio o gosto para coisas também distintas. Gosto de ler, escrever poesias, pintar quadros e atirar pedras para o alto... Já tentei até tocar um instrumento (baixo) devido ao meu amor à música (rock). Tenho sérios problemas quando o assunto é ficar quieta, estou sempre tenttando inventar coisas novas para fazer. Esse ano embarco numa nova experiência: falo do curso de Filosofia, o qual espero que me proporcione mais uma asa para poder ir ainda mais longe.

Wander - Quais são suas influências?
Geisiara - Em 1999, comecei uma viagem longa na obra de um ilustríssimo senhor, que me ensinou o que são bons contos, romances e poesias: me refiro ao maravilhoso Machado de Assis. Ele é a minha maior influência para escrever, passei muitas tardes com um copo de café lendo seus livros, continuo mergulhando no seu extenso mundo, só que agora divido meu tempo com outros escritores como Lygia Fagundes Telles, Edgar Allan Poe, Augusto dos Anjos, Gregório de Matos, Ivana Arruda Leite; tento absorver um pouco das obras desses escritores para arquitetar a minha. Quanto à arte, minhas influências são muito diversificadas, vão do clássico ao contemporâneo, como Goya, Juarez Machado, Picasso, Abelardo da Hora, e mais uma porção de artistas desconhecidos, amigos, desprezados e ferrados.

Wander - Há algum projeto rolando em mente?
Geisiara - Meus projetos são bem restritos e não funcionam com data marcada, costumam ser elaborados na mente para não sei quando, apenas discutidospara um grupo de quatro amigos que me interessam e são os verdadeiros interessados. Fazemos arte por prazer, os projetos vão surgindo com as oportunidades. Não pretendo expor quadros para as pessoas ignorantese desinteressadas daqui. Como sempre falo aos meus amigos pintores, não quero passar noites em claro maquinando milagres para quem não sabe o valor da arte. Quanto à poesia, comecei o ano disposta; pretendo dedicar mais tempo aos recitais. Ando escrevendo bastante esse ano pretendo escrever duas vezes mais.
Wander - Apesar de a poesia ser bastante difundida na região, aqui em Itambé ela não tem essa bola toda. A que você atribui esta situação?
Geisiara - É muito complicado falar em fazer coisas relacionadas à poesia numa região onde poucos lêem, escrever acho que já é pedir demais! A verdade é que a cidade não oferece oportunidade para que as pessoas abram suas mentes ao mundo poético. Os poucos que se atrevem a insistir na idéia de prosperar nesse mundo são discriminados e tem que procurar oportunidades fora daqui. Prefiro me juntar aos meus ilustríssimos amigos goianenses, timbaubenses e de outras cidades para tentar executar meu trablho dignamente.

Wander - Há, hoje em dia, a meu ver, dois movimentos de poesia: os dos que procuram fazer suas obras o mais soltas possível e os que seguem idéias do concretismo. Você se enquadra em um desses? Como você vê a poesia?
Geisiara - Não há jeito ou fórmula para se fazer poesia. Não me limto a prisões de estilos e movimentos, minhas poesias são elaboradas de acordo com o meu dia, humor, ou de acordo com nada... Basta qualquer pedaço de papel em branco e um lápis para as palavras começarem em frações de segundo a desabrochar.

Wander - O movimento das artes plásticas ainda consegue ser mais obscuro do que a poesia na região. Como se sente ao se embrenhar nesse mundo?
Geisiara - Já passou a fase de me sentir frustrada, a fase das revoltas e discussões para tentar fazer as pessoas abrirem os olhos acerca da minha arte, hoje em dia sou muito segura do que quero: nunca parar. Mesmo que passe a vida sem qualquer reconhecimento não me sinto só, quando escolhi insistir em rabiscos sabia exatamente que caminharia para um mundo obscuro. Adoro fazer arte, independentemente de governos ou fronteiras.

Wander - O que você acha que falta às pessoas da região para que abram seus ohos para a arte que vem sendo feita?
Geisiara - Talvez um pouco de bom senso de seus governantes, que só se importam com o prórpio nariz e o que lhes façam embolsar milhões. Poderiam começar colocando as crianças pra trabalhar arte decentemente na escola, não desenhando em cartolinas coelhinhos da páscoa e papai noel. Depois poderiam disponibilizar espaços para exposições e pricipalmente liberdade aos artistas, não adianta fazer exposição para se mostrar com pautas preconceituosas ou censura. Não pode haver grades ou forcas!

Wander - Deixe uma mensagem para os leitores aqui do blog.
Geisiara - Comecem a ler agora, escrevam, pintem, dancem, trabalhem, vão para igreja, bebam cachaça, se quiserem fumem maconha e pulem da ponte, vão para o congresso fazer protesto, o dia é hoje. O tempo é traiçoeiro, a liberdade preciosa. Tô insistindo nas coisas que gosto, não faço nada pensando em arrependimento, não existe ninguém bom, a justiça já se danou há muito tempo, por qualquer caminho estamos rumo à desgraça. A palavra é: viver!

Fotos: acervo pessoal.

2 pitacos:

Tive pouco contato com você, mas pelo que li aqui, quero conhecê-la melhor. Adoro pessoas silenciosas e que qdo abrem a boca, têm algo bom a dizer. Parabéns por suas palavras cheias de emoção, conhecimento, cultura, e acima de tudo, pouca pretensão.

Muito obrigada!!vc é uma pessoas q fala muito e tem ainda mais parar dizer!abraços!

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