"Ascensão e queda": romance de estreia!

Saiba como adquirir seu exemplar.

Contos de Wander Shirukaya

Para aqueles que querem conferir o que tenho escrito, dêem uma olhada aqui!

Tergiverso

Sensualidade em forma e conteúdo aguardando sua visita.

O híbrido e a arte

Animes, cinema e literatura

Procurando entrevistas?

Amanda Reznor, André Ricardo aguiar, Betomenezes... Confira estes e tantos mais entrevistados por Wander.

27/02/2017

Entrevistando Enoo Miranda


 
Começando nova temporada de entrevistas aqui no blog, conversei um pouquinho com Enoo Miranda. Poeta e professor na cidade de Nazaré da Mata - PE, Enoo é figurinha carimbada em intervenções poéticas e manifestações culturais da região. Falamos um pouco sobre o fazer poético em tempos de crise. Confiram.



Wander Shirukaya - A produção artística atual, a meu ver, ainda parece perdida frente ao período turbulento que nosso país tem vivido. Diante disso, muitos autores ainda preferem se abster de comentar o assunto. Diferente deles, você tem dado sua cara a tapa, se manifestado com veemência tanto em eventos, saraus e intervenções artísticas como no discurso encontrado na sua poesia. Você teme que isso possa ter algum impacto negativo? Você acha importante o posicionamento do autor frente a problemas como os da atualidade?

Enoo Miranda - Sobre temer um impacto negativo a resposta é não, e em relação à pergunta se há importância no posicionamento (político? espiritual?), sem sombra de dúvida, sim. O escritor, assim como o cineasta, o caixa de banco, o cobrador de ônibus, o artesão, o pintor - de telas ou de muros, vide João Doria e o Galo da Madrugada do carnaval 2017 -, mas principalmente o escritor, deve ser um agente político, já que literatura que se lê, atualmente, entretém em segundo plano. Você vê, a euforia desta semana entre o pessoal "do meio" literário foi o discurso inflamado do Raduan Nassar contra o atual governo federal, durante recebimento do Prêmio Camões. Maravilha, vindo de um quase ermitão midiático que escreveu pra caralho, isso parece bom. Já hoje pela manhã o Cláudio Willer postou em conta no Facebook um relato sobre o mesmo Raduan Nassar e sua abstenção quanto aos abusos do regime militar de 64, afirmando que o então premiado chegou até mesmo a sustentar a ideia de que não houve censura de livros durante o período ditatorial. Ou seja, cedo ou tarde, tudo é cobrado.

Wander -  Você também participou de eventos nas ocupações da UPE de Nazaré da Mata no fim do ano passado. Como foi essa experiência?

Enoo - Divertida e marcante. É muito bom poder fazer algo pelo lugar de onde você veio ou pelo qual se sente pertencido. Aquele foi o campus em que me graduei em Letras, na cidade onde faço questão de viver. Na ocasião das ocupações em protesto à PEC 55, eu mesmo fiz críticas negativas à forma como as ações durante a paralisação estava sendo tocada pelos alunos, mas creio que a nossa passagem por lá somou em termos de discussão política e de quebra ainda serviu pra instigar alguns poetas de gaveta.

Wander - Conheço o seu Papel de pegar mosca, coletânea de haicais. Por que a preferência por formas curtas? Pretende fazer uso de outras estruturas poéticas mais para o futuro?

Enoo - Creio que o uso de uma forma curta no Papel de pegar mosca tenha a ver diretamente com o que eu descubro como meu processo de criação. Na maioria das vezes um texto me surge a partir de uma única sentença, ou de um único som, ou de uma única imagem... então o que orbita em torno dessa ideia primeira pode acabar se estendendo mais ou menos, a depender do que se queira falar e da circunstância em que se queira utilizar o texto. Em recital, por exemplo, o haicai não funciona tão bem. Fica aquela sensação retornando do público de "já acabou?". Na maioria dos casos opto realmente por estruturas mais estendidas e deve ser assim por algum tanto.

Wander - Participaste também do Recita Mata Norte, projeto que se circulou as escolas da Mata Norte Pernambucana no final de 2016. Fale um pouco do projeto e de que forma ele contribui para a formação de leitores.

Enoo - Sou professor por formação e acredito veementemente que a leitura pode desempenhar um papel importantíssimo na vida das pessoas. Por outro lado, sou cético quanto à eficácia do sistema público educacional enquanto resultado do que parece ser, cada vez mais, a tentativa de tornar as escolas plataformas de políticas eleitorais. Mais precisamente no estado de Pernambuco, onde o programa de ensino integral - do qual sou funcionário contratado - é a menina dos olhos do governo do PSB, muito se fala em educação cidadã. Formar o aluno em sua totalidade. Mas não forma. Meus alunos têm aula sobre Romance de 30 mas não sabem quem é Glauber Rocha. Nunca leram Charles Bukowski. Querem tirar título de eleitor e votar em Jair Bolsonaro. Não escutaram nem o disco de Nal Caboclo, que é artista da terra. Ou seja, algo falha nessa proposta de integralização. O Recita Mata Norte, de certa maneira, sana um pouco desse déficit curricular da educação, pois aproxima o escritor de um público em potencial. A troca de informação a respeito da confecção dos livros no caso das publicações independentes, estas que afinal são maioria entre os integrantes do grupo que participou do projeto, o espanto velado quando algum texto falado traz um palavrão e a consequente dessacralização do poeta, todas essas coisas acabaram cativando os estudantes que estavam atentos às nossas apresentações e acho que a experiência pode gerar frutos mais adiante.

Wander - Falando em formação de leitores, alguns colegas se queixam de que o público tem diminuído e, muitas vezes, se mostram “vencidos”. Você concorda que haja diminuição do público leitor e, se sim, como o autor pode contribuir para reverter esse processo?

Enoo - Não sei dizer com certeza se há diminuição de público leitor como vem sendo lamentado há algum tempo. Talvez tenha diminuído o número de público enquanto pessoa que compra o objeto livro, mas talvez até aumentado o número de leitor. E aí já é um problema de ordem mercadológica, não literária. O que eu imagino é que o tipo de leitor tenha mudado. Agora ele se considera um vencedor por ter conseguido chegar à última linha do que nas redes sociais se convencionou chamar de "textão". Proust se contorce, mas funciona. Nesse sentido, o escritor que quer que seu livro chegue até alguém, já deve ter entendido mais ou menos o caminho: faz barraquinha de venda, troca uma ideia e chama pra uma cerveja. O artista marxista é necessário.

Wander - Pernambuco é apontado como o estado com o maior número de cartoneras do país e possui uma quantidade expressiva de produção independente. Como esse contexto tem contribuído para a sua carreira e de outros autores da região?


Enoo - O "miolo de pote" em arte produzida no país hoje em dia é a distribuição. No caso da literatura, quem escreve não consegue, necessariamente, fazer circular tanto quanto gostaria. Já fui publicado em selos de tiragens pequenas e também em formato cartonero, mas, claro, sinto um retorno mais rápido pelo texto em si quando posto diretamente na internet. Talvez essa prática tenha se tornado, para além da vaidade, uma forma de "termômetro" que antecede o lançamento do produto em formato físico.

Wander - Quais os projetos para 2017?

Enoo - Tenho originais inscritos em concursos que publicam premiados, recentemente participei de uma antologia poética chamada "O Olhar da Língua Portuguesa no Mundo", inicialmente lançada em Portugal e que agora deve aparecer por estas terras através da parceria com a Casa do Poeta de São Paulo, tem também a ideia ainda em fase de desenvolvimento de um livro de poemas que lança olhar sobre a região metropolitana do Recife e que explora a relação intersemiótica entre poesia e fotografia, além de investidas na área de audiovisual através do edital público do fundo de cultura do estado.

Wander - Deixe uma mensagem aos leitores do blog.

Enoo - Não façam nada que eu não faria.

20/02/2017

Quem tem medo do black mirror?







Muitas pessoas em meu círculo de amigos rasgaram os mais pomposos elogios à série inglesa Black Mirror, uma das mais assistidas da atualidade. Como não sou lá tão aficionado por séries, ignorei os comentários por um bom tempo. Entretanto, a quantidade e o conteúdo de alguns deles começaram a me intrigar. Ouvi de colegas que eu sequer dormiria se assistisse.  Estaria eu ignorando um novo clássico do horror? Ora, mas a série não é uma ficção cientifica? Pois bem, o hype foi tão forte que acabou me obrigando a assistir.
De fato, Black Mirror é uma boa série, mas não me parecia genial-espetacular-lacradora-de-tirar-o-sono como pregavam.  Posso até comentar boas sacadas que vi em muitos de seus episódios ou também os vários problemas. Entretanto, o foco desse texto tem mais a ver com parte da recepção que a série teve a ponto ser de recomendada como assustadora. Afinal, que medo é esse que foi visto por tanta gente assim? Estaria eu sofrendo da síndrome do diferentão?
Para nos orientar na nossa reflexão, tomemos como base a ideia de que tememos aquilo que pode nos representar uma ameaça, especialmente à integridade física. Outra definição bastante famosa seria a lovcraftiana de que tememos aquilo que não conhecemos, aquilo a que não podemos atribuir uma explicação lógica. Com base nisso, o que a série nos apresenta que poderia ser visto como algo a temer? Tecnologia, diriam muitos dos amigos. Sim, óbvio, tecnologia. Está sugerido desde o título da série, que remete às telas de aparelhos eletrônicos que usamos e dos quais vamos nos tornando cada vez mais dependentes. Sim, seria possível explicar esse medo do espectador como o medo de se perceber cercado, talvez até dominado pela tecnologia. Todavia, o medo seria válido? Não estaríamos temendo a coisa errada?
Se partirmos do princípio do significado do termo, tecnologia (vem do grego) pode ter com ideia central a de criação. É possível então afirmar que parte do temor causado pela série se deve ao seu tratamento frente a tecnologias com as quais já estamos lidando (ranking de reputação nas redes sociais, por exemplo), ou que, num futuro próximo, poderiam se tornar viáveis, como as lentes que podem gravar o que você vê e reproduzir posteriormente em outros dispositivos. A dependência de aparatos tecnológicos é amedrontadora à maior parte da população por vários motivos. Poderíamos destacar aqui a cultura de que somos autônomos, independentes. Daí o medo seria plausível, já que costumamos ter sempre a impressão de que o mundo se move mais rapidamente do que nossa capacidade de interpretação dele. O medo então seria não da tecnologia, mas de ficar para trás, o que nos isolaria de nossos grupos sociais e acarretaria em danos para o nosso bem-estar. Mesmo assim, cultuamos a ideia de que a tecnologia é culpada por estes eventuais danos. Isso explicaria o medo que temos ao assistir ao episódio “Odiados pela nação” (foto 2), em que assassinatos estão ligados a hashtags de promoção do linchamento de figuras odiadas. Outra razão seriam nossos princípios religiosos, que muitas vezes envolvem uma cultura de que os males que assolam nossa sociedade são um forte indício de um fim para a humanidade. Exagero? Lembremos que, há poucos anos, especulávamos a utilização de chips que facilitassem a organização de dados pessoais e que, graças à difusão de informações falsas, resultaram na crença de que o governo pretendia “instalaro chip da besta nas pessoas”, o que causou a manifestação de parte da população que chegava a afirmar que a presidente seria o próprio demônio. 

Uma vez compreendido o porquê do temor, outra questão mais específica se faz presente: esse temor da tecnologia seria justo? Segundo Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, o espelho é um símbolo que representa na maioria das culturas a revelação da verdade, a alma, a essência do ser. Tal como a bruxa malvada em Branca de Neve, a verdade parece não ser muito interessante quando vai contra a figura pública que criamos de nós mesmos. Some então à simbologia do espelho a semântica proporcionada pelo signo negro (ausência de luz, representação de um contexto maléfico, obscuro e que mal podemos compreender) e chegaremos a uma acepção pouco enfatizada do que significa black mirror: aquela verdade que gostaríamos de esconder por nos lembrar o que temos de pior, nossos medos, preconceitos, pulsões hedonistas que nem sempre coadunam com os princípios morais, éticos ou religiosos que pregamos frente a nossos círculos sociais. Com base nessa proposição, acredito que fica mais fácil entender por que o público em geral se assusta com a série. Além de desfazer a nossa ilusão de autonomia, mostra que nós, como Narciso, não somos tão perfeitos assim. O black mirror é tão poderoso que nos faz aceitar os mais esdrúxulos acontecimentos como verdade, tal como os milhares de mitos da deep web, desconsiderando todas as benesses e facilidades que ela eventualmente pode proporcionar (a possibilidade de comunicação sem nenhuma censura por exemplo).  Black Mirror, a série, apresenta esse lado negro humano (muitas vezes tendendo ao exagero, é verdade) e nós, como já de costume, precisamos de um bode expiatório que nos possibilite viver sem perceber que o mal (num sentido mais comum da palavra) não está necessariamente na tecnologia, mas em nós, no que fazemos com ela.
Mediante o exposto, como acabar com o medo do black mirror? Pergunta difícil, sem resposta. Mas estamos tentando respondê-la. Tentamos quando vemos as facilidades que a tecnologia nos tem proporcionado: carros elétricos, ferramentas de comunicação como as redes sociais, informação e conhecimento cada vez mais acessíveis, realidades virtual e aumentada, impressão 3D – a lista é infinita, pelo que vemos. Entretanto o black mirror está aí e, como todo espelho que se preze, nos sugere que olhemos nosso reflexo e reflitamos sobre como temos agido. As perguntas que posso estender ao leitor seriam: esse reflexo é tão assustador assim para você? Quando você se olha no espelho, o que você vê? A roupa de alferes, como Jacobina em O espelho? Alguém que bloqueia os perfis que te aparecem com visões de mundo diferentes da sua? De ser o linchado? De ser o linchador? A pergunta do título deste ensaio tem menos a ver com a série do que parece, não?

13/02/2017

Possíveis aproximações entre "Só, com peixes", de Adriane Garcia e "Watsu", de José Juva




A literatura permite uma série bastante diversificada de abordagens e estudos de seu conteúdo. Em uma dessas abordagens, é possível selecionar pequenas categorias diferentes daquelas ditas clássicas (tais como tempo, espaço, enredo, foco narrativo e personagem), e fazer uma análise comparativa entre os estilos dos artistas. Isto é exatamente o que propomos aqui: uma análise da água como aproximação de duas obras de poetas contemporâneos. Em Só, com peixes (Confraria do vento, 2015), a mineira Adriane Garcia traz um apanhado de poemas sobre o mar, sobre água e – claro – sobre os peixes. Já José Juva traz em Watsu (Cepe, 2016 – III Prêmio Pernambuco de Literatura) algo parecido a princípio. O que este artigo pretende é checar pontos ora de convergência, ora de dissonância entre os poetas, tomando como ponto de partida o eixo temático sobre o elemento referido.





ABSTRATO E CONCRETO NUM SÓ AQUÁRIO



Se pudéssemos declarar a presença de um sentimento que permeia boa parte dos poemas de Só, com peixes, poderíamos dizer, sem sombra de dúvida, que este seria a tristeza. A imagem da água é usada para trazer à mente do leitor uma imagem de desolação. Se é verdade então que o trágico é belo, tal nos dizia Aristóteles, então veremos muitas imagens de belezas construídas a partir da figura da água, como em “Enredada”: A vida não é nada/ que não/ a hora da rede/ de algum lugar/ líquido// Para-se emalhado/ e não importa se/ há espinhos/ opérculos/ ou se vais tomar/ o aspecto de uma criatura/ molusca// Um repuxo/ de violento mistério/ nos tira do mar (GARCIA, 2015, p 17). Vários poemas de Garcia mencionam a relação que temos com a água como algo inevitável e muitas vezes, fatal: Afogar-se/ é apagar-se/ apaziguar-se/ nas profundezas (GARCIA, 2015 p. 31 – grifo meu). Essa mesma sensação é evocada em alguns poemas de Watsu: não fazer coro/ ao riso e ao choro// deitado no barco:/observar a careta/ da anta, qualquer/ semblante: feito/ por nuvens,/ um desenho// uma tempestade/ agita o mar:/ paz no corpo e na alma:// o porco/ tem calma (JUVA, 2016, p.51 – grifo meu). Aproximando as duas obras, é possível perceber uma percepção de um estado de paz em um eu-lírico que se encontra à deriva, sem perspectiva alguma. Por outro lado, apesar da constante presença da água nas duas obras, a abordagem estilística é bastante distinta. Poderíamos dizer que Garcia é mais imagem enquanto Juva é mais ícone, algo mais visual. Explicando melhor: o leitor, ao observar os dois autores, verá que Garcia recorre mais a metáforas e alegorias sobre a própria água, sobre a vida marítima, ou seja, temos uma evocação abstrata, como em “Fronteiras”: Antigamente eu mudava/ de cor/ qual cavalo marinho// mas oceânica bebi/ a água doce da torneira// entrei no táxi filha pródiga/ e disse:/siga para a Atlântida//o homem me olhou/ como se olha uma refugiada. (Garcia, 2015, p.64). Juva trabalha a água de forma mais visual; a disposição da maior parte dos versos faz com que tenhamos a impressão de que eles “boiam” aleatoriamente sobre o papel:


coração de vidro

a chuva fica lá fora



não há chave de fenda

ou imã, coração de vidro



movimentos de baixo impacto

da hidroginástica, manhãs:



os cachorros da lua patrulham

as despedidas dos cedros



coração de vidro, malandro

que perambula pela floresta

de arrepios em seu escafandro

(JUVA, 2016, p.48)



Portanto, a partir dos exemplos acima, podemos ter uma ideia de como dois artistas contemporâneos podem ser ao mesmo tempo próximos a partir do eixo temático, mas com uma abordagem diversificada – o que acreditamos ser de grande valia ao leitor.



UMA DISSONÂNCIA IMPORTANTE


A partir de uma observação da temática da água nas duas obras, é possível, além da singularidade estilística já apontada, perceber uma dissonância mais sutil: como dissemos, é possível perceber certo “estado de paz” como culminância de muitos dos poemas de Watsu e Só, com peixes. Entretanto, diferente dos exemplos mostrados mais acima, outros poemas podem ser observados à luz do choque entre seus desfechos. Há ainda a imagem de paz, de silêncio e quietude, mas a predição sugerida é diferente: a paz representa uma condição para a finitude, para o descanso derradeiro. Talvez isso justifique a imagem da água e dos peixes sempre associada ao fatalismo contra o qual não podemos lutar, como em “Masacquista”: Teu anzol/me trespassou/ o palato mole/ e a alma// agora a crença/ de que só sei sofrer/ descarna-se, diário/ num anzol (GARCIA, 2015, p. 50). E se os desfechos de Garcia apontam para fim, Juva prefere a renovação, o recomeço, algo sugerido já desde o título da obra (a expressão Watsu sugere uma terapia de cura e relaxamento através da água).



AMANHECERES PARA DIAS LÍQUIDOS


A partir deste texto, pudemos conhecer um pouco da obra de dois poetas contemporâneos de maestria no que fazem. Ambos partem de temática parecida, conforme propusemos, e criam resultados interessantes, que me remetem ao que Cortázar costumava dizer sobre o conto, que o importante não era exatamente o tema, mas o tratamento que esse tema recebe das mãos do autor. Penso que, com os exemplos aqui exibidos, podemos ver razão no que o argentino afirma, sendo possível ainda expandir seu significado a outros gêneros, como a poesia aqui em questão. Convém lembrar, entretanto, que muitas das comparações apresentadas pretendem não atribuir juízo de valor estético entre os autores, mas mostrar como a qualidade deles apresenta resultados tão próximos e, paradoxalmente, tão distintos. Quem ganha com isso, sem sombra de dúvida, somo nós, leitores, que temos a oportunidade de beber na fonte e nos afogar nas poéticas contemporâneas.



Referências

GARCIA, Adriane. Só, com peixes. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2015.

JUVA, José. Watsu. Recife: Cepe, 2016.

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More