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Contos de Wander Shirukaya

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O híbrido e a arte

Animes, cinema e literatura

Procurando entrevistas?

Amanda Reznor, André Ricardo aguiar, Betomenezes... Confira estes e tantos mais entrevistados por Wander.

15/10/2014

Glorificando o híbrido (parte I)


Saudações, meus amigos! Aqui vou eu aproveitar que estou com menos preguiça de pensar e trazer novos debates. Sem mais delongas, vamos nessa!
Em toda a história da humanidade temos muitos embates ideológicos e, em sua maior parte, todos apresentados de forma binária, maniqueísta: bem contra mal, Platão contra Aristóteles, capitalistmo contra socialismo e assim por diante. Porém, a situação de meio-termo dentro desses embates sempre causa muita confusão e acaba desfazendo, diluindo os limites entre os dois elementos até então vistos como antagônicos, excludentes. Assim, surge uma espécie de "terceira via" que incomoda muito aqueles que refletem sobre outro embate dicotômico, que é o alvo de nossa discussão aqui: purismo versus hibridismo. 

A era da pureza

Entendamos aqui como purismo a tendência que muitas pessoas tem de de se posicionarem contra a mistura, o que faz com que sua organização de pensamento seja binária. Para essas pessoas, seria inadmissível que um elemento A pudesse incorporar características de um elemento B, ou seja, ou você é homem, por exemplo, ou mulher; ou você é rico ou pobre, etc. Mesmo que casos que desafiem essa visão binária do mundo ocorram à perder de vista, tal purismo tem sido, talvez até hoje, na maior parte das nações, o pensamento majoritário (nem sempre da maioria númerica, é bom salientar). 


Nem uma coisa, nem outra

Parece discurso da Marina Silva, mas com a natural interação social entre os povos, as ideias que eram tidas como absolutas para uns têm tido seus limites atenuados ou, em muitos casos, completamente destruídos. As concepções e convicções de ambos os lados são permanentemente transgredidas, criando um elemento destoante: eis o híbrido, um elemento que ganha cada vez mais força, tanto que, se nos inspirarmos pelos estudos filosóficos das últimas décadas, torna-se cada vez mais difícil conceber uma única realidade, bem como conceber nossa realidade como imutável e absoluta.
Mas por que cargas d'água falamos disso aqui, num mero blog literário? A resposta é simples: o hibridismo tem sido um dos pontos principais a se discutir também nas artes, especialmente dos anos 80 para cá. Mais ainda: há um discurso presente em boa parte dessas obras em favor desse hibridismo.

Como assim, discurso em favor do híbrido? Para explicar melhor, tomamos como exemplos três obras distintas, como já é costume aqui no blog, de campos da arte igualmente distintos. Primeiramente, veremos o caso na trilogia Matrix (em especial, o terceiro filme, Matrix Revolutions [2003]). Em seguida, nuances desse hibridismo no anime Kill la Kill (2013) e, por fim, no campo da literatura, observando Rei Rato, de China Miéville (2011). Será que dá para relacionar obras tão diferentes de acordo com o tema aqui de nosso debate? É o que veremos logo mais.

Continua...

08/10/2014

O que a arte nos ensina (parte I)


Ultimamente tenho visto/ ouvido por aí muitas pessoas falarem algo que me incomoda. Tais pessoas dizem aprovar/ desaprovar uma obra "porque ela ensina..." sinceramente, acho esquisito esse tipo de discurso, posto que é o fato de uma obra ensinar algo é um critério muito maleável e passível de interpretação, extremamente vago. Citemos um exemplo para clarear a situação. 


Nos últimos tempos, tenho visto que há certa rejeição a algumas novelas do horário nobre que trazem homossexuais e questões sobre o preconceito que sofrem como parte principal da trama. Segundo algumas pessoas, tal trama é ruim e a novela é uma bosta porque ensina o telespectador a ser homossexual. Pior: incentiva as crianças que assistem a "liberarem geral". 
Vou evitar entrar no caráter homofóbico de tais opíniões, pois não é bem esse o foco. O problema em questão é a noção de que a novela ou qualquer outra obra de arte seja uma espécie de "professora" e que, sendo assim, seja obrigada a ensinar alguma coisa. De fato, a arte pode nos ensinar muito, mas definitivamente essa possibilidade não é determinante na avaliação de tal obra. Ainda tomando como exemplo a novela, ela não é boa ou má por promover os "valores da família" ou por "propagar o respeito à diversidade", pelo simples motivo que tais avaliações também são maleáveis e variam tanto de indivíduo para indivíduo (enquanto para um estamos respeitando as diferenças de cada pessoa, para outro é uma pouca vergonha) quanto em situação diacrônica - ou seja, com o tempo as pessoas podem simplesmente mudar de ideia acerca de qualquer assunto.
Diante do exemplo, o que podemos então ter como critério confiável na avaliação de uma obra? Bom, isso renderia novos posts (e devem realmente render), mas uma coisa é certa: é preciso ter em mente (o que poucas pessoas têm) que é preciso dissociar ao máximo possível a figura do autor da obra, bem como separar nossas convicções pessoais do contexto representado na obra avaliada. Voltamos em breve com mais exemplos.

Continua...

Foto: Clara e Marina, personagens de Em família, de Manoel Carlos.

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