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09/12/2014

Glorificando o híbrido (parte III)

Atençao! Atenção! A discussão a seguir possui altos níveis de spoiler! Se você ainda não viu/ leu as obras aqui discutidas, cuidado. 




Moda, fascismo e muito nonsense em Kill la Kill!

Continuando nosso papo sobre o híbrido nas artes, apresento aos que não são muito fãs de cultura japonesa um dos animes mais badalados dos últimos tempos e importante exemplo para nossa discussão.
Kill la Kill nos apresenta um cenário distópico em que a militarização das escolas é levada a níveis hiperbólicos. Por sinal, hiperbólico porderia ser a melhor palavra para definir o anime, já que tudo é extremamente exagerado: fan service, derramamento de sangue, humor e nonsense. A história ressignifca um monte de clichês, partindo do clássico jovem-que-quer-vingar-a-morte-do-pai. Essa jovem é Matoi Ryuko, que, fazendo uso de uma tesoura-espada, se rebela contra a chefa de sua escola, Kiryuin Satsuki. O negócio vai ficando cada vez mais louco quando descobrimos nossa protagonista favelada na verdade não é humana: é uma criatura híbrida. 
Ryuko usa um uniforme com vida própria, Senketsu, com quem conversa e tem uma relação de profunda amizade. O uniforme sobrevive se nutrindo de seu sangue e, em troca, Ryuko usa seus poderes, que se ampliam ao longo da série. O que não se contava é com a reviravolta digna de novela mexicana: Satsuki também tem interesse em Ryuko para que juntas, possam derrotar Kiryuin Ragyo, verdadeira mãe de Ryuko que está promovendo a destruição do mundo por... roupas!
Segundo ficamos sabendo, criaturas alienígenas minúsculas, chamadas de Fibras da Vida, viajam pelo espaço e se instalam nos planetas para de forma parasitária, vão fortalecendo seus hospedeiros até que estes estejam prontos para ter suas energias levadas, dando origem a novas Fibras da Vida. Isso mesmo, roupas alienígenas que invadem a terra para transformar a Terra numa imensa bola de lã. Como dito, tudo se torna ainda mais absurdo ao Ryuko saber que não é filha de seu pai, mais é uma criatura híbrida, filha de Ragyo com as Fibras parasitas, ou seja, meio humana, meio roupa. 
Por fim, a humanidade vence, mas com a ajuda de Ryuko, que resolve lutar para não ser dominada pelas roupas, algo impossível para qualquer raça inferior como a humana. O resultado é que a união perfeita de Ryuko com seu uniforme que, por estar ligado ao sangue da protagonista, é também híbrido, faz com que os arifícios que as Fibras da vida usam para dominar os demais sejam ineficazes, causando o completo banimento dos aliens da face da Terra, enfim todos podem descansar em paz, sem se preocupar em ser dominados pelo que vestem, bem como vestir o que bem entenderem. 
Diante de uma história tão maluca, à primeria vista, não se percebe muita coisa, pois os exageros propositais da obra fazem com que muita coisa possa passar despercebida. Ou seja, Kill la kill pode paraecer um anime de humor com aliens invadindo a terra, mulheres seminuas em uniformes especiais (espécie de tributo à Sailor Moon, diga-se de passagem) e muito, mas muito sangue. Porém, como se espera de toda boa obra, muitas leituras se abrem sutilmente, como por exemplo o poder feminista da obra, mesmo fazendo uso de artifícios comumente machistas, discussão sobre a  exploração da sexualidade feminina, sobre a militarização das escolas conservadoras e, especialmente para o nosso caso, a representação de um ser único, que se difere dos demais por ter características de dois grupos até então distintos: o híbrido. Sem esse hibridismo, como vimos, Ryuko não conseguiria destruir as roupas alieníginas. Temos então outro grande exemplo de representação de "miscigenação" libertadora. 



No próximo episódio: depois de homem-software e mulher-roupa, que tal vermos um homem-rato? Aguardem!

 Continua...

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