"Ascensão e queda": romance de estreia!

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Contos de Wander Shirukaya

Para aqueles que querem conferir o que tenho escrito, dêem uma olhada aqui!

Tergiverso

Sensualidade em forma e conteúdo aguardando sua visita.

O híbrido e a arte

Animes, cinema e literatura

Procurando entrevistas?

Amanda Reznor, André Ricardo aguiar, Betomenezes... Confira estes e tantos mais entrevistados por Wander.

31/12/2011

Que venha 2012!



Olá, amigos leitores deste humilde blog, os fogos já estão estourando em todas as nações para comemeorar a chegada de mais um ano. É sem pre aí que paramos para rememorar o passado e ver o que podemos tirar de proveito para os tempos vindouros. De minha parte, foi uma no muito feliz e marcado pela aceleração de atividades até então vagarosas e surgimento de novas oportunidades também. Veio ao mundo meu primeiro livro de contos, Balelas, ingressei no CAIXA BAIXA, do qual me orgulho de fazer parte e ter conhecido grandes amigos. A labuta literária não pára, segue em frente com mais contos sendo postos à frente, logo novo coletânea deles virá; também iniciei (e estou na reta final) a escrita de um romance, que quem sabe virá também a público  em 2012. Convido você a também pensar o que de bom houve nesses tempos e deixo aqui um feliz ano novo a todos que me ajudam a manter este blog com o entusiasmo de sempre. Obrigado e boas festas!


27/12/2011

Como foi o lançamento de "Balelas" em Itambé



Olá, pessoal. Aqui vai um breve relato do que foi o lançamento do meu livro de contos, Balelas, na minha "cidade natal", Itambé - PE. na última sexta, dia 23/12, na Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, fiz parte de um bate-papo sobre literatura, merdcado editorial e afins, respondendo às várias perguntas a mim direcionadas, indo desde às clássicas sobre o porquê de um pseudônimo tão esquisito e minhas influências literárias à outras pouco convencionais. É sempre bom jogar em casa; digo isso por ver presente muitos amigos e alguns parentes, pessoas com quem convivi durante muito tempo e proporcionam sempre bons momentos. Após o bate-papo, lanchinhos (pois ninguém é de ferro) e a sessão de autógrafos. Fecho esta jornada balélica de 2011 com muita alegria e vendo que, aos pouquinhos, as coisas fluem positivamente. É isso aí.


22/12/2011

Sobre "Os besouros"

Conto novo terminado. Mais um fantástico. Este, por sua vez, pendendo mais para o naturalismo/ dangerous writing/ ultra-violence (ué? não são a mesma coisa ou quase?). Os besouros tem um conflito comum em nossos dias: uma moça bêbada, um beco escuro, sete homens à procura de farra. O resultado é um violento estupro que traz consequencias inimagináveis, conforme o leitor perceberá. Mexer com os clichês do fantástico é interessante, e este conto, sendo assim, flerta com eles em muitos pontos. Não é um dos mais esquisitos que já escrevi, mas, com certeza, é um dos textos mais violentos. Vejamos o que rende em breve.


Foto: http://www.heruni.com/wp-content/uploads/2011/10/drunk_girl.jpg

19/12/2011

Lançamento de "Balelas " em Itambé!


Meus amigos de Itambé-PE, Pedras de Fogo-PB  e região, neste fim de semana, mais precisamente na Sexta, 23/12/2011, às 20:00h, haverá na Biblioteca Monteiro Lobato em Itambé - PE, o lançamento do meu livro de contos, Balelas (Mutuus-RJ, 2011). Na ocasião, teremos também um bate-papo entre escritores, poetas e professores sobre essa difícil tarefa que tem o escritor em nossos dias. A apresentação ficará por conta do Leo Podre, lendário baterista do movimento rock da cidade e grande amigo. Sintam-se todos convidados, vamos lá!


Título: Balelas
Autor: Wander Shirukaya
Número de Páginas: 104
ISBN: 978-85-64722-05-7
Fomato: 14x21
Preço: 28,00 R$


Descrição

Balelas é um livro de refinada literatura, em que a narrativa absorve diversas vozes, que, juntas, pintam um retrato sombrio de nossa sociedade. Não é uma obra simples, nem de leitura fácil, até por sua estrutura textual. São justamente as diferentes vozes que assumem o trabalho da narração e nos carregam pelas pequenas histórias, ora avançando, ora retornando, como se estivessem expressos no papel os devaneios de cada personagem. Balelas é, portanto, uma obra que provoca reflexão, que explicita as manias, os desejos mais sórdidos, as preocupações e até mesmo as loucuras de nossa sociedade - na maioria das vezes, com a predominância do ponto de vista feminino.


16/12/2011

Sexo e violência, baby! (parte VI)


Ressucitando séries que estavam no limbo deste blog, voltamos a falar sobre o uso do sexo e da violência nas artes, saindo da literatura, dos animes e da píntura para comentar um pouco do cinema. Desde nosso primeiro post sobre o assunto trabalhamos com idéia da inevitabilidade de fuga destes dois temas, dada a força com que estão presentes em nossa vivência. A aproximação da arte com o sexo e a violência só tem a contribuir para a verossimilhança, nesse sentido, enriquecendo o filme e evitando que fiquemos com aquela sensação de pudicícia exacerbada que comumente criticamos nas novelas, por exemplo. Para tanto, pegarei três filmes para a nossa observação em que a violência está permanentemente presente, mas se articula de modos distintos. 
O ano de 2002 viu nascer um filme que chocou platéias mundo afora pelo impacto de suas cenas de violência. Na verdade, os choques de Irreversível (Foto 1 - Direção: Gasparnoé) podem ser resumidas a duas: a cabeça de um dos personagens sendo esmagada por um extintor logo na primeira sequência do filme e o perturbador estupro de Alex, personagem da Monica Belucci, em que os mais sensíveis podem facilmente desistir de manter os olhos abertos. Pois bem, aqui podemos perceber que a pujança das cenas está a serviço do experimentalismo estético exposto pelo diretor, já que toda a montagem do filme por si só já amplia o desconforto do espectador propositalmente. A primeira sequência é nauseante, graças a imprevisibilidade de movimentação da câmera, movendo-se no ir e vir dos protagonistas dentro de um bar atrás do alvo. A própria montagem cria toda essa repulsa para ao decorrer do filme a desfazer, chegando a um final que beira a candura de tão suave que se apresenta. O filme, nesse sentido, pode ser visto como uma experiência na observação das diferentes impressões/ reações que pode causar ao espectador.

Baixio das bestas (2006 - Foto 2), de Cláudio Assis, tem crueza da cabeça aos pés, mas muito pouco estilizada, fato esse motivado por sua postura extremamente naturalista. A violência é exibida como forma de denúncia da violência que comumente ocorre nas nossas sociedades, aqui, em especial, à violência das cidades da zona da mata pernambucana. A montagem, portanto, é muito pouco ousada, mantendo-se o mais distante possível dos fatos, a maior parte do tempo, contribuindo para o tom quase jornalístico do filme. Destaque para a bela cena do estupro de Auxiliadora, personagem de Mariah Teixeira, no fim do filme. A moça, menor de idade que "era filha do avô", sofre abuso por parte do protagonista do filme, um típico agroboy (playboy do interior canavieiro). Pena que não se tenha escolhido a mesma crueza na cena da morte da personagem interpretada por Dira Paes, o que me parece uma suavização não condizendte com a ambientação proposta pelo filme. Mas isso deixamos para outra hora.

Destoando ainda mais, a violência em Kill Bill (2003 - Foto 3), de Tarantino, já aponta um caminho totalmente estilizado, usando e abusando dos exageros e recursos cinematográficos, o que cria um tom de paródia ou, pelo menos, de humor. A reverência ao estilo dos grandes filmes de luta orientais é flagrante; o grotesco é transformado em diversão, o que faz com que o espectador não tenha desconforto algum. A montagem apenas favorece essa perspectiva, como por exemplo na culminância das lutas A Noiva X O-ren Ishii e Noiva X Go Go Yubari (deixo essa última luta no vídeo abaixo, só como aperitivo).
Sendo assim, comentemos mais sobre o uso da violência nas artes. Tem exemplos? Contesta algo dito? A hora é agora! Até mais!



 
Relembre a série Sexo e violência, baby! Parte I - Parte II - Parte III - Parte IV - Parte V.
 

13/12/2011

Livro I; Cap. XXIII: Hildegard é forte, voltará são e salvo

Ambos esperaram como loucos o momento do duelo final. Ele havia chegado. Ambos sacaram suas espadas bastardas e puseram-se em guarda, enquanto o grupo seguia viagem, ainda olhando para trás, desconfiados. 
- Hildegard vai se sair bem, vocês vão ver - milo comentava durante a caminhada. 
E o duelo começou já com um ataque muito forte do clérigo, fazendo sua rival, Karina, afastar-se e logo apelar para seus dotes mágicos. Surge então uma espada de energia que circula e atrapalha a movimentação de Hildegard. 
- Sua mizera! Morra!
Os brados do clérigo o faziam ir para cima com tudo, como é de costume, ignorando a dor dos golpes vindos da espada mágica que o perseguia e atingindo vorazmente o peito da armadura de sua inimiga. Ela caiu no chão se afastando mais uma vez. Já em guarda:
- Venha!
O dia lindo e as poucas e curtas árvores serviram de cenário para aquele embate. Correndo com toda sua força, Hildegard desferiu um golpe fatal - isto é, seria fatal se ele não tivesse caído na tática inteligente de Karina, que com um manejo de espada conseguiu então desarmá-lo. 
- Diga adeus, idiota.
o golpe seguinte atravessou o corpo do clérigo, que balbuciou suas últimas palvaras:
- Mizera...
Hildegard caiu desacordado; minutos depois estava morto. Karina observava tudo de perto. Tendo confirmado sua morte, limpou e embainhou sua bastarda, cuidando de enterrar o corpo do rival. Horas depois, lá estava, ao pé de uma árvore, o clérigo sepultado com todas as honras e pertences. Sua espada fincada na terra, tal como uma cruz. A moça saiu andando rumo a um lugar desconhecido. 
Enquanto isso, o grupo se depara com uma região de forte neblina, onde encontram uma ponte. Dankill:
- Se não erramos o caminho, finalmente chegamos. 
- Parn...

continua...

10/12/2011

20.000 acessos! \o/



Sim, meus amigos, este blog atingiu a humilde marca de 20.000 acessos nesta semana. Pode paracer pouco (e é, na prática), mas a julgar pela especificidade do conteúdo aqui postado, pode ser visto como uma grande vitória. Este não é um blog de humor kibado de outro blog de humor, tampouco blog de downloads ou de conteúdo pornô. Logo, acredito que deva sim esboçar um sorriso de satisfação por atingir tal marca só discutindo literatura, cinema e manifestações artísticas em geral. Cada um dos seguidores que este sítio contém foi conquistada sem bajulação ou auxílio de joguinhos, todos o seguem por acharem o conteúdo interessante, o que me deixa ainda mais feliz. Espero que continue sempre sempre do agrado de vocês, pois sei que são pessoas muitos especiais e também parte deste mundinho que cultivo aqui postagem a postagem. Enfim, parabéns a nós, sigamos  com a caravana, vamo que vamo que o verbo não pode parar. Obrigado.


05/12/2011

"Balelas" em Goiana! Veja como foi!


Cá estou eu para contar o que rolou de interessante no lançamento do meu livro de contos, Balelas, na cidade de Goiana _ PE, como parte das atividades da primeira edição do K.A.O.S., nova série de eventos da cidade. 
Com atraso considerável, o evento acabou se iniciando por volta das 21:30h. O público presente na Praça João Pessoa então prestigiou primeiramente a já figurinha carimbada do rock local, Prisma Orbe, recheda de blues e outras loucuras comandadas por seu líder Luziano Jardim, vulgo Mago. Já de cara participei dando uma força nos backing vocals na última música apresentada por eles, a pedrada skylabiana Você vai continuar fazendo música?
Em seguida, Philippe Wollney, grande mestre de cerimônia e cabeça do Silêncio Interrompido, apresentou meu livro, convocando todos os presentes a conferir a interessante mesa de exposição, em que o visitante podia chegar, tomar um cafezinho ou uma cachacinha enquanto batia um papo com o autor, enquanto as demais bandas se apresentavam. A idéia deu muito certo e me proporcionou a chance de fazer novos e valiosos amigos. 
Enquanto autografava livros, a banda The Blue Tomato, fazia sua apresentação. Liderada por um ícone do undergroud goianense, Rafael Urbano, a banda traz muito berro e barulho, em clara referência e reverência à era grunge de Nirvana, Soundgarden e companhia.
Por fim, One black two white, banda de hardcore melódico encerrou a noite já se formando madrugada, deixando a certeza de um grande evento. De minha parte só tenho a agradecer a acolhida de meus amigos companheiros de copo, versos e riffs. Foi uma noite muito especial que, espero, possa se repetir logo, logo. Fiquem com algumas fotos de café, vinho e Balelas
 




Fotos: acervo pessoal.

01/12/2011

Entrevistando André Ricardo Aguiar



Olá, amigos do Blog do Shirukaya! Como venho mostrando nos últimos tempos, a temporada de novas entrevistas está aberta. Depois da fofíssima Amanda Reznor e do escritor de nome não-suave Betomenezes, chegou a vez de conferirmos o que tem a dizer o grande (sim, grande mesmo, tem mais de 1,80m) escritor paraibano André Ricardo Aguiar. Assunto? Literatura, políticas públicas, música, poesia...



Wander Shirukaya – Fale um pouco sobre você.

André Ricardo Aguiar - Todo dia aprendo uma nova maneira de falar de mim através do que leio. É um pouco como fuga, reconheço, porque não tem nada mais fugidio do que essa coisa do biográfico abstrato, onde não consigo delimitar fatos, ocorridos, coisa que seja digna de nota. Sei que minha vivência sempre foi norteada por leituras. E ter nascido numa cidade do interior me trouxe uma carga de memória afetiva. Digo, uma paisagem humana como cédula de identidade: o rio, o mato, os caminhos de terra, pasto, boi, etc. Mas foi na cidade maior que me criei e, se posso falar em urbano, que fique valendo. Me criei com bibliotecas mais do que com contato familiar. A família grande também vira abstração. O círculo restrito é que conta: pai, mãe, irmãos pequenos. Este os seres do meu afeto e dou crédito ao meu pai pelo gosto literário. Divergimos muito depois. Me eduquei com Zé Lins, frequentei Dostoievski e Kafka, Borges, Cortázar. Tenho esta coisa da mistura de leituras. Meu enquadramento é por escotilha: vejo o que tenho a frente, incorporo, sigo um rumo, abandono ou me perco – e depois dou a volta e recomeço. Uma curiosidade cética pela vida, um composto de crença e provocação. Só me sinto bem quando estou criando – e isso porque considero o ato de leitor como participação, como cozimento de futuras colheitas. No mais, sou um cara normal – conceito falho, vá lá, mas é por onde me sustento. Sou comunicativo a pouca distância. De longe, pareço sisudo, mas é uma timidez de escudo. Puxar uma prosa comigo é o movimento mais bem-vindo do mundo.


Wander – Você trabalha com literatura não somente como escritor, mas também com projetos culturais através da Funjope. Como você lida com essa situação? É difícil conciliar ambas as atividades? Que semelhanças e diferenças elas tem entre si?

André - Lido como qualquer atividade humana. A questão é que trabalhar com literatura na esfera pública é bem diferente de trabalhar na esfera privada. Mas de certa forma, ambas são complementares. Se tudo na vida fosse apenas lidar sem experiência humana, cairíamos num fosso nada prático. Gosto mesmo da possibilidade de estar com meus pares, ou criando modos de disseminar práticas culturais. Isto proporciona, entre outras coisas, intercâmbios importantes, como a experiência de outras feiras literárias e com a observação de modelos estruturais para garantir o sucesso de eventos deste porte. Por outro lado, tudo é tempo. Precisamos abrir sempre espaços só nossos para garantir que a balança fique equilibrada. Eu tenho fases e nem sempre tenho tempo para me dedicar como quero à literatura. No entanto, vejo com bons olhos a falta de tempo. Alguma coisa trabalha na surdina. Sempre haverá o momento de colocar tudo no papel ou na tela. As semelhanças ou diferenças se misturam. O trabalho com literatura só ganha quando as fronteiras se encontram.


Wander – Os últimos tempos em nosso país mostram que a relação que temos com questões éticas dentro da literatura. Tendo você também se voltado ao público infanto-juvenil, como você tem percebido o uso de questões polêmicas, a violência, o sexo, por exemplo, neste tipo de literatura?

André - Não acredito em censura prévia em literatura. Acredito em controle e em discriminação. Para o público infanto-juvenil, a própria literatura ao longo da vida de um leitor deve indicar esclarecimento para escolher o que é passível de ser absorvido de forma consciente. Não sei se percebo bem, não consigo ler de tudo – e por extensão, saber o que andam fazendo por aí. Sei que bons autores sabem lidar com temas polêmicos sem perder a mão.
 

Wander – A que projetos você tem se dedicado ultimamente? Que podemos esperar do autor para os próximos meses?

André - Literatura infantil e poesia. Mas o engraçado é que são trabalhos já feitos há algum tempo e que senti necessidade de dar um ponto final. Fechamento de etapas, por assim dizer. Dois livros infantis estão prontos para serem editados por uma boa editora. Ao mesmo tempo, penso e publicar meus poemas de alguns anos pra cá. O livro A idade das chuvas já é um trabalho de resgate de uma década de poesia. Ainda não tenho uma linha a seguir, vou apenas vivendo e o ato da escrita vai junto, no compasso meio improvisado. Agora, na hora de colocar no papel, organizo, sopeso, estabeleço um plano. Sou meio cismado com a coisa solta. Estou como o Fernando Pessoa: O que em mim sente, está pensando. Tenho meus contos – e a frequência no Clube do Conto serve como termômetro para o que eu experimento, embora nem isso eu tenha mais tempo, experimentar. Quem sabe daqui a um tempo eu veja isto mais claramente?


Wander – O que te agrada na música? Quais os seus artistas preferidos? Eles te influenciam na literatura de alguma forma?

André - O que me agrada na música é exatamente a noção feliz de que não dá para viver sem ela. A coisa sensorial é muito forte. Que arte pode ser mais completa que esta? Um dia destes alguém falou – ou li no facebook – que os músicos só podem ser felizes. Eles criam em estado permanente. Porque tudo é som. Não teorizo, claro, sobre a música. Sei que um tipo de música me atrai pela construção, como o jazz. Outras, quero apenas ir cantando junto. Como no chuveiro, lugar ideal (risos).
Artistas preferidos são muitos. Não me prendo a poucos. A música eu vou descobrindo e adicionando à minha vida. Gosto deste caráter de descoberta. Aí paro e fico umas fases em um artista, em outro. Mas gosto sempre dos que me dizem por mais tempo, até uma vida inteira. Como não ser assim com os compositores clássicos? Beethoven, Mozart, Bach, Vivaldi. Beatles, blues, rock, Chico... são muitos e eu não vou dizer mais, ou a lista não termina. Não vejo uma relação clara da influência da música na minha literatura. Mas um estado de espírito propenso a gostar de música, tem elementos que vão ajudar na hora da escrita. Assim penso.


Wander – Você está de blog novo (http://quaseincendios.blogspot.com/), mas vez ou outra firma ter problemas em manter páginas de internet. Há alguma razão em especial? Qual sua relação com a internet?
André - Uso a internet para quase tudo. Tenho uma relação quase tripla: criação – divulgação – intercâmbio. Já fui beneficiado por ter acesso a editoras. Por criar livros nascidos de blogs. Para dar visibilidade ao meu trabalho. Enfim, a razão por não manter blogs é que vejo uma tendência a descontinuidade ainda. Não sou disciplinado em alimentar regularmente um blog de forma indefinida. Invejo quem o faça. Talvez com um projeto em equipe eu consiga. Mas o blog individual não me estimula ainda.
Wander – O que tem lido ultimamente? Algo que nos recomendaria em especial?
André - Tenho lido muita coisa. Aliás, sou leitor voraz, daquele que corre o risco de perder o controle. Leio de tudo e todo dia sinto vontade de ler mais. O problema é o tempo. Mas eu tenho uma mochila-biblioteca que não sai de perto de mim. Posso ler em ocasiões rápidas e tediosas como fila de banco ou no ônibus. Por isso curto tanto a narrativa breve, os diários, etc. Li recentemente (e recomendo) os poemas da Wislawa Szymborska, editado pela Companhia das Letras. É o que mais estou recomendando por aí. Também o Diário Selvagem do José Carlos Oliveira, indicação que o escritor Miguel Sanches me passou. Recomendo o novo livro do Ricardo Piglia, um ficcionista que namora o gênero policial de uma maneira inovadora. Chama-se Alvo Noturno. Gosto muito desses aspectos lúdicos da literatura, dessa transfiguração de universos, mas também bebo dos temas clássicos. Tanto que estou relendo Dom Quixote, pela Editora 34.

Wander – Discorra um pouco sobre a literatura paraibana contemporânea, de que você faz parte. Tem gostado do que vê? O que há de bom acontecendo?
André - A nova literatura paraibana ainda está um corpo em movimento, e o estar inserido nela não me torna um observador confiável. Vejo o que me cai às mãos, acompanho os novos grupos, vejo aqui e ali talentos que vão se consolidar daqui a anos. Tenho gostado em parte. Como sabemos, ainda é cedo, há esse fenômeno dos talentos ainda em busca de um foco – e é por isso que é tão saudável a formação de grupos. Não que acredite na descoberta do ovo em pé. Mas a meu ver, temos tanta sede de novidades que meio que nos viramos nas condições mais precárias – embora, internet, o lance midiático, e tanta coisa aí dando sopa está criando uma geração literária mais aparelhada. Até em termo de brigas, há muito o que discutir. Melhor assim do que a modorra e o autoconfinamento. Acho que muita coisa boa está acontecendo. Eventos, lançamentos, troca de experiências. Faço parte do Clube do Conto, que é uma linha, sou amigo do pessoal do Caixa Baixa e da Revista Blecaute, que é outra linha, e na qualidade de gestor de uma divisão de literatura, tanto olho como crítico quanto simpatizante. E claro, também, um olhar para os equívocos também.

Wander – Deixe uma mensagem aos leitores deste blog.

André - A mensagem que eu deixo é que, a exemplo do gosto que tive em responder às perguntas, sempre terei uma postura de curioso. O importante é essa vontade de ler o mundo, mas de uma forma viva, participante. Acho que qualquer manifestação é válida. Fico então feliz por participar de uma forma ou de outra para algo nosso, e nem por isso menos universal.

Wander - Obrigado.

Fotos cedidas pelo entrevistado. 

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