27/01/2010

As mulheres do Wander - parte I



Good Girls Go
to Heaven (Bad Girls Go Everywhere)

Dentro de meus contos escritos podemos ver com facilidade uma certa preferência pela mulher como centro das atenções, mesmo que ela não seja a protagonista. Além disso, vemos também com facilidade que há uma boa leva delas permeada por uma onda (ou deveria dizer tsunami?) de maldade. Elas são mesquinhas, implacáveis, egoístas, vingativas. não importa o motivo, a solução é bem clara e culmina em atos violentos. Descrevamos para vocês algumas destas mulheres:
A personagem central do conto Cabelos de sangue não tem nome. O que ela faz talvez também não tenha. Ela mata um homem que conheceu com golpes de tesoura no pescoço, não após ter ido para cama com ele. Durante a noite de amor ela, a remoer os dramas pessoais, decide que aquele homem tem que pagar, e pagar por tudo que já tinha acontecido a ela. Cru, fragmentado, mas recheado pela amargura de quem prefere cometer um crime para ver se vive feliz para sempre.
Em O laço, Bia é uma moça que vive um drama existencial por conta de sua paixão e por seu passado num orfanato. Descreve com grande ar de tristeza os longos anos como um cachorro ou cavalo mais velho, tendo de cuidar das crianças mais velhas. Para se ver livre do seu drama, uma bala só não foi suficiente. Diferente de Cabelos de sangue, aqui o final não parece feliz, parece apenas agtravar a condição da protagonista.
E o que dizer de Rita em A crucificação de Dona Morte, a escritora que vai à júri popular por ter matado o filho de poucos meses com 22 marteladas na cabeça ao amanhecer, sem nenhum motivo? Rita se entrega após o crime, com frieza, alegando ter matado o filho. Durante o julgamento, ela que por muito tempo se dizia culpada começa a se dizer inocente, aumentando a inquietação e a sensação de absurdo no leitor. A epígrafe, tirada da bíblia, contribui para essa revolta ao lermos o conto, funcionando ironicamente também. O final é totalmente inesperado.
Há mais casos violentos nos contos, mas esses já deixam claro uma coisa sobre a minha maneira de contar: a maldade, a violência em si contribui fortemente para um conto que cause inquietação ao leitor; para usar as palavras de Julio Cortázar, é o que ajuda a construir a tal "abertura" de que tanto fala, algo que possa fazer com que a situação narrada trascenda seu plano para saltar voraz para o universo particular do leitor. Breve tem mais! ^^

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