01/05/2013

Pé (e arte) no chão (parte I)



Saudações a todos os leitores, o Blog do Shirukaya está de volta à ativa! O tempo ficou curto e acabou por criar um limbo de alguns meses, mas finalmente eis aqui mais diversão e debate. Volto percebendo boas oportunidades para discutirmos e refletirmos sobre literatura e artes em geral. Um dos assuntos interessantes para debate é o que originou essa nova série de posts. Pé (e arte) no chão pretende refletir sobre todos os elementos de composição de nosso gosto, ao menos, no que tange à arte. Sem mais delongas, vamos nessa!

Tem se destacado na mídia a notícia de que uma das maiores musas do funk carioca, Valesca Popozuda (foto), virara objeto de estudo por parte de uma mestranda  da UFF. A polêmica começou a partir das manifestações de outras pessoas nas redes sociais e de formadores de opinião. Uma manifestação que ficou bastante popular foi a da âncora do Jornal do SBT, Rachel Sheherazade. Vale a pena ver o vídeo para enriquecermos o debate. 

De um lado, a ala conservadora da sociedade aplaudia de pé tal posicionamento, afina, para eles, é de uma pouca vergonha inefável que coisa tão abominável, como Valesca Popozuda,  possa ter o status de corpus de um trabalho científico - fato que só serve para provar o quanto o PT emburrece nosso alunado. Em contrapartida, a outra ala rechaçou com todas as suas forças o comentário da jornalista, posto que, segundo eles, gosto não se discute e é por nos metermos nas predileções alheias que o mundo está assim, todos impedidos de ir e vir e ameaçados por aqueles ditos defensores da moral e dos bons costumes. Percebamos que, a maior parte do tempo, as opiniões de ambos os grupos são bastante extremistas, muitas vezes com propósito mais partidário do que qualquer outra coisa que os possa engrandecer. Podemos pegar tal conflito como ponto de partida, já afirmando: apesar dos avanços que temos, independente de nossas preferências políticas, morais, religiosas, etc, ainda sofremos por não conseguirmos nos desvencilhar de uma organização binária do nosso pensamento, ou seja, ainda pensamos, em pleno terceiro milênio, que "quem não está comigo está contra mim". Esse é um dos males que ainda não conseguimos destruir e, por isso, ainda temos manifestações de preconceito que poderiam ser erradicadas. 
Ora, se nosso problema é exatamente esse binarismo, como proponho, bastaria então resumir esta série de posts ao "gosto não se discute"? Não. Qualquer reducionismo pode ser válido apenas como referência rápida, mas na prática torna raso e reificado qualquer tipo de pensamento, induzindo mais uma vez ao binarismo. Posto que gosto não se discute, há outras coisas que podem nortear nossas reflexões, sem que haja repulsa de sua parte, meu leitor. É o que veremos em nossos próximos capítulos. Por hora, quem quiser deixar algum comentário, sinta-se à vontade. Vejam os vídeos e vamos que vamos!


continua...

1 pitacos:

Tenho uma opinião: a qualidade baixa de uma arte não torna a coisa menos arte, apenas apresenta uma qualidade menor à arte. Além do mais, a encrenca dos críticos sobre a Valesca Popozuda é tão somente moral, centrando-se mais nas alusões sexuais que na qualidade da arte. Nesse sentido, tirem Bocage, Gregório de Matos, Bocaccio e Marquês de Sade das prateleiras!

Agora, se a discussão é acerca do que tem e do que não tem qualidade artística, então creio que essas celebridades e a Valesca Popuzuda têm o mesmo cacife baixo para emitir qualquer opinião.

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