31/05/2012

Desencapetando o riso (parte V)

Não gosto de comédia, pois é um gênero inferior, não requer técnica nem estudo


Sim já ouvi coisas como essas um sem número de vezes. Aristóteles proferiu que o trágico é belo, ou seja, que a beleza estética muito em a ver com a retratação de temas sérios, muitas vezes perpassando ao drama. Ok, o trágico é realmente belo, não há como não se emocionar lendo as mais clássicas tragédias gregas ou mesmo os dramas mais famosos do cinema. Não raro até simpatizamos mais com aqueles artistas que possuem/ possuíram vidas tão sofridas quanto às retratadas em suas obras. Entretanto, rir é algo inerente ao ser humano. Rimos desde antes de falar. Mesmo assim, somo sempre ensinados a guardar nosso riso no âmago mais profundo do nosso subconsciente. E dessas reservas acabamos dando origem a um legado que existe até nossos dias: o do "rir é feio". Dentre as principais justificativas dessa corrente, destacamos agora a que dá subtítulo a esse post. Há a ideia de que fazer rir não requer esforço, técnica, tratamento estético, estudo, etc.Vejamos alguns exemplos.


Charlie Chaplin foi um dos grandes, um ator, excepcional, um humanista e... um comediante de mão cheia! Acima um  trecho de O grande ditador, mostrando que mesmo a guerra pode ser motivo de riso e que o humor também requer grandes doses de talento e técnica. 


Já resenhada aqui, a Pola Oloixarac ganhou destaque pelo tom satírico de seu primeiro livro que satiriza na mesma proporção com que convida ao debate a sociedade argentina sobre a juventude perdida entre as brigas políticas, discussões acadêmicas extremas e a superexposição à informação proporcionada pela internet. É comum ver diálogos de algumas páginas (sim, páginas!) para expressar ideias mínimas, exemplificando o discurso hipster-pseudointelectual da juventude vigente. Vale a lida.


Por fim, ouçamos o koenjihyakkei, que também já passou neste humilde blog. A banda japonesa dá tons de punk rock da forma mais lúdica possível ao seu som, que é extremamente trabalhado, basta que reparemos na qualidade técnica empregada pelos músicos - fato que já é uma das características do Zeuhl. Enfim, aquele que ouvir terá a impressão de que os músicos estão realmente brincando com suas músicas; o resultado é uma viagem frenética, uma bagunça muito bem feita e divertida, especialmente em seus minutos finais. 
Mais exemplo? Que tal se você, querido leitor, puxar algum para o debate? A seção de comentários está a sua espera!


Confira também as partes I, IIIII e IV.


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