19/01/2011

Arte e propaganda (parte IV - final)


Há quem acredite que o famoso cidadão da foto, Theodor Adorno, estivesse exagerando com seus estudos estético-filosóficos em que diz que o imediatismo capitalista forçará sempre toda e qualquer coisa a seguir seus modelos. Estando o artista também neste turbilhão, é muito provável que a sensibilidade e o maleabilidade no tempo de composição se rendam aos cronômetros e à produção em série. Olhando por este prisma, estaria Adorno errado? Ora, não é o que vemos quando mal um artista surge e emplaca algum hit meia-boca e ele já está com CD e DVD ao vivo na praça? Coletâneas e mais coletâneas saindo e nada de obras novas? Quando vemos obra novas, estas saem mais rápido que pão quente às seis, pondo em xeque a qualidade da obra. Essa pressa toda faz com que um objeto metafísico, singular, se torne algo simples e que qualquer um pode construir em sua casa, muitas vezes no fundo do quintal ou até com um celular. Arte então vira mercado e, como tal, está subserviente à propaganda. Resumir o que Adorno queira dizer aqui é difícil, mas o que se pode constatar é que ele observa e condena este processo, mas, até onde sei, não diz ser o mercado/ propaganda algo de que o artista deve se afastar. Como disse em posts anteriores, o artista deve usufruir do mercado, deve fazer propaganda, mas sua relação com ela deve ser de amor, de flerte, não de sórdida prostituição. O artista tem que ter em mente que ELE deve dar as cartas, o que também sabemos que nem sempre é fácil. Após esta consciência ele pode tranformá-la em ações que o divulgarão e expandirão o acesso às suas obras, angariando fãs e etc. Assim, veremos que estes louros são uma possível consequência do trabalho bem feito, não uma meta. Enfim, este não é um assunto simples, se o fosse, não veríamos "artistas" chinfrins a tantas quantidades por aí. É preciso buscar saídas, mas, acima de tudo, nunca sair do mundo fantástico da arte. Por fim, como assumo não ser conhecedor de toda a obra deste grande mestre, se alguém conhecer algum posicionamento que se oponha a estaidéia que expus, deixe um comentário, sinta-se à vontade, o mundo - e este blog - é nosso!

2 pitacos:

o cara da foto estava tão certo caro amigo que cada dia que passa migramos para uma arte curta, imediata, obrigada a ser publicitária para poder sobreviver

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