Vasculhando o Youtube atrás de coisas interessantes me deparei com este vídeo, em que jovens esperavam para entrar no show de uma banda da qual nunca tinha ouvido falar. O fato é o desrespeito para com o consumidor, que como vemos, não perdoa ninguém. Acho que está na hora desta geração nova perceber como funciona o sistema e rever seus conceitos para ver quando e como vale a pena gastar seu rico dinheirinho. É fato que vi este vídeo em muitas discussões depreciando os jovens. Não é bem assim que se deveria vê-lo, pois amelhor coisa que vemos em suas linhas e entrelinhas (se é que pé possível falar assim de um vídeo) é uma mostra de como todos nós sofremos por culpa do mercado, do sistema, da industria cultural, da política de pão e circo, da mídia, etc. Concordo com a garota, é falta de sacanagem, pois quem é sacana ainda consegue tratar melhor as pessoas.
Bom, já falei desta banda por aqui, só que agora a cito no nosso rol de grandes álbuns dos anos de 2000. Bitte Orca do Dirty Projectors conseguiu ser majestoso, pondo no bolso crítica e público e sem necessitar de bundas, peitos e afins. A música da banda se destaca por seu experimentalismo, que conseguiu a façanha de compor incríveis canções pop e ainda ser criativo. Sim, sabemos que outras bandas fazem isso. Porém não há como negar que estas bandas são raras, e quando aparecem é nosso dever reconhecer estes méritos, mesmo se o som em si não nos for de agrado - se bem que não se agradar pelas canções acústicas costuradas com barulhinhos da banda de NY é tarefa difícil. Deixo então um exemplo conhecidíssimo, que tocou em todos os lugares ano passado, espero que gostem. Gostou? Então já sabe sua missão: divulgar. Conhecimento nunca deve ser privado; espalhe a cultura e a boa música em seus arredores.
Nos últimos dias postei um de meus contos, "Oceano" para a apreciação de quem passar por aqui. Resolvi com isso reunir alguns de meus textos que circulam em outros locais da internet. Espero que gostem, visitem sempre o blog.
É tão estranho... Os bons sempre morrem antes; os que ficam rezam para o choro passar para outro quando morrerem, num ciclo de lágrimas. Iara seguia no mar negro de ondas enormes que conduzia a escuna à lápide. Por quê? O mar, tal qual esfinge, ou se decifra ou, tenha certeza, será devorado. E o que fazer?
Urbano contempla o mar, que em toda sua excelência, está feliz pelo dia da mãe, era dois de fevereiro. Que chatice! Desliga a TV. Volta para a tela do PC e organiza as planilhas, gigantescas redes pescando dados. Navega pelo mar de informações, cliques e afins. Barulho. Muito barulho. Cadê a mãe desse pirralho pra calar o danado? Ele vai aprender a não desrespeitar um pai ocupado, ah se vai! O filho não tinha pena do colesterol puro que era a vida de Urbano. Pai, me leva pra praia no fim de semana? Praia? Vai ver o que na praia, menino? Tudo pronto, filho falando sozinho e lá se vai Urbano para a agência.
E a tarde passa, no vai e vem do mar. Lucas o vê, dá um trago no cigarro, a namorada coladinha assiste o cinza da fumaça a fundir-se com o cinza do fim do dia nublado. Vamos? A maré hoje não tá pra peixe: tá pra nós, meu amor. Realmente, o mar esperava o vivaz golfinho e a melíflua sereia. Sinal da cruz feito, pranchas na mão, atiram-se ao maior prazer que podiam ter juntos: viver os tubos, floaters e 360ºs.
E o mar de lágrimas se segue. O pobre Juninho chora copiosamente. Tenho medo! Tenho medo! Calma. A mãe é só consolos. Ela jamais exibiria ao filho as unhas no sabugo de tanto roer. Eles apenas esperavam o doutor voltar do mar. Mar de concentração. Todo cuidado é pouco numa cirurgia deste porte, mas tudo bem. Urbano deu sorte. Como é que se tem sorte por precisar urgente de um transplante? Não era bem isso. Urbano teve a sorte de ter um novo coração à disposição justo no momento em que mais precisou. O médico tranquilamente cuida de tudo, altos prêmios no ramo dão mais ares para a conclusão de um ato tão delicado. Mas, vamos rezar. Tudo vai dar pé.
Iara, como toda boa patricinha, exibe-se num intenso mar de beleza afrodisíaca. Top less. Se pudesse fazia tudo less, só para que as retinas circunvizinhas melhor a desenhassem. Mas naquele dia algo de diferente acontece: ela vê o mar, e no mar avista a sua paixão, o surfe. Vou me dedicar e aprender de uma vez por todas. Assim vai ao encontro do mar, de encontro a Lucas. Segue-se a maré de gírias, beijos e declarações de amor à liberdade.
Tá vendo só? Juninho não se conforma com o que está acontecendo. Logo mais o pai, Dr. João Urbano, ia acabar tendo alguma complicação cardíaca por causa do sedentarismo que ostenta com orgulho. Tem de parar com isso, bem! Quem tem que parar de me encher é o seu filho! Não vê que tenho que terminar isso aqui para entregar mais tarde? A esposa entrega o pires com o hambúrguer e puxa o filho para a sala de estar. Juninho não tem culpa de nada, Urbano.
Começa a chover fino, Lucas adorava surfar nesse clima. O mar o leva, ninguém se separa do cortejo, pois o último adeus tem de ser cumprido. Um cortejo de grandes amigos; Lucas não tinha parentes próximos. Nenhum além da Iara, com quem se casava todo santo dia, a cada banho de mar, a cada beijo. Chora Iara, você perdeu um garoto de ouro. Perdeu a vida. Com tanta gente ruim pra morrer no mundo por que logo o mais precioso? O mais carinhoso? O mais meu?... O que que a vida fez da nossa vida? Como ir para o mar agora, se hoje Lucas é recebido pelo mar de sete palmos de profundidade?
- Pai, quando a gente vai pro Havaí?
- O seu pai tá pra vender a moto e fechar outros negócios aí, Juninho. Não se preocupa não que, no mais tardar nesse fim de ano a gente vai.
- Pai!
- Que foi, meu filho?
- Eu te amo.
O pai de Juninho sorri feliz de ver o mar de alegria do filho adolescente, juntos aprendendo a guiar a prancha. Vinha por aí um grande história para contar.
O mar pra mim é como um deus. Será que Deus é o mar? Por que o mar faz isso com a gente? Iara é um retrato da desolação. Sentada na praia, com a roupa surrada, cheia de areia, falando ao mar em línguas de fogo, como mulher de pescador a esperar a volta do barco. Catatônica, só os olhos reagiam, vertendo o choro que compõe o oceano, eterna saudade, pesada tristeza. O sol se põe, a lua também; o coração se espreme sangrando nas mãos.
Juninho se espalha em alegrias, sorrisos. Deu a louca no papai! Que deu nele para querer assim, sem mais nem menos, passar o fim de semana na praia? Nunca em seus trinta anos isso tinha ocorrido. O melhor mesmo já acontecia. Ao chegar o garoto vai ter com o mar, leva a mãe a tiracolo. Urbano apenas pára, senta, procurando algo que os olhos dos outros, tão triviais, não vêem. Nunca que tive vontade de vir aqui, hoje quero mergulhar, ser o melhor amigo do mar. Os olhos respondem ao brilho sorridente do sol do fim de tarde, vertendo um choro não de tristeza, mas de alegria. Bem vindo, Urbano, toma tua faixa de senhor do Atlântico! Toma teu gibão e teu chapéu de capitão, que hoje finalmente navegarás de verdade!
Não! Os poucos curiosos fazem um círculo na praia. Não! O salva-vidas, triste, vê que não conseguiu chegar a tempo. Não! Mas não foi esse surfista que inventou de pegar a crista daquelas ondas com o mar desse jeito? Não! Os curiosos comentam, tinha até alguns que conheciam o rapaz. Não! Não era aquele que vem sempre por aqui com a namorada, uma loirinha que também surfa? Iara, o nome dela. Não! Mil nãos se aproximam estridentes da multidão; Iara não se conforma com que vê, cai, beija o corpo do namorado, os mais sensíveis acodem-na, os demais fazem piadinhas indecifráveis de tão baixas...
- Como eu estou, doutor? – pergunta Urbano, ainda no leito parecendo barco amarrado na margem, cheio de fios.
- Deus é grande, Dr. Urbano. A operação foi um sucesso. Pode haver rejeição, mas acredito piamente que logo, logo o senhor vai poder retomar suas atividades. Parabéns!
O contador sorri, o porto seguro se fez. O Juninho pára de se sentir culpado. Traz uma pizza para comemorar!
Uns avós não sei de onde ligam para Iara. Querem saber do acontecido. Depois de muita explicação e choro, ela segue a vontade deles, mesmo sem saber se era da vontade do morto, mas achava que era provável que Lucas ficaria feliz. Ela então organiza a papelada, permitindo a doação dos órgãos dele. Vida longa, Lucas, onde quer que esteja.
Crise de aeroporto é foda! Urbano não gosta do que ouve do filho, reclama com serenidade e sinceridade. Mas não era o senhor quem sempre falava essas coisas? Urbano não é mais o mesmo de uns tempos para cá. Deixa de reclamação que assim que esse vôo sair gente vai pra o Havaí. Entre abraços no filhão e na esposa, ele cisma com alguém noutra fila, afogando-se em desolação. Mas... Por que tenho a forte impressão de já ter visto aquela loira antes? Cismada com o homem que a observava estranho, Iara põe os óculos escuros para cobrir o olhar e se vira para as outras filas do aeroporto, a pensar.
Era o que o grupo pensava enquanto a garotinha Judite correu até a estufa para chamar Chizuru. Não demorou para que a elfa jovem aparecesse, ainda com um pequeno vaso de orquídeas na mão. - O que precisam? Oh! Logo que Chizuru viu que traziam um jovem desmaiado nos braços do bárbaro Dankill, puxou todos para dentro. Todos temiam que estivessem sendo seguidos pois os ataques que sofreram por parte de vários monstros no camiho para Astar parecia muito estranho. Quem poderia, então, estar por trás disso tudo? Temendo o pior, Chizuru recorre a seu grimório e conjura uma mágica de proteção, consistindo num refúgio em outro plano, onde jamais os inimigos de que suspeitava poderiam adentrar. - E de quem desconfia, maga? - perguntou o guereiro anão. - Deixe-me analisar direito o que há com o bardo e te dou minha resposta com maior certeza. Todos esperaram que ela examinasse Kailan, boa parte do grupo desconfiava do poder da maga ao ver que ela franzia a testa como num sinal de indignação diante do bardo inconsciente. Talvez a sua figura extremamente jovem não transparecesse o respeito todo que a região lhe atribuía - ela era muito nova, mesmo, tinha 98 anos. Judite largou a vassoura e pegou com os servos mágicos do refúgio água morna e uma caixinha de primeiros socorros. Chizuru fez que não precisava com a cabeça. Legolas, já ansioso, perguntou. - E então? o que houve com o bardo? Há solução? A maga franze ainda mais a testa, levanta-se e inspira fundo para falar. - Bem...
Eis o primeiro conto de minha nova empreitada, que ainda está em produção. Uma jovem violinista, a angústia, o amargo escorrendo das arcadas de seu violino, primando por um rock de vanguarda cheio de timbres estranhos e guitarras distorcidas. Um pai numa cama de hospital. Um pai omisso numa cama de hospital. Um pai intransigente numa cama de hospital. Um pai intolerante numa cama de hospital. Esperando o outono. A vida da jovem dividida, a divisão só irá embora quando o outono chegar. Será que chegou? Breve a resposta.
Não resisti: para aqueles que ainda acham que a história (e arte) acabaram, lembrem-se desta performance do Danny Carey. Ainda há muito o que se descobrir, meus amigos. ^^
Infelizmente vou ficar devendo uma fonte sobre quem falou sobre luto coletivo, mas vocês sabem que não fui eu o autor desse pensamento, embora partilhe dele. É. Acho que essa idéia que temos de luto coletivo, que tem a ver com a sensação de pesar pela morte de alguém que, de algum modo, era significativo e represantava a imagem de um futuro promissor, é por muito responsável pela glorificação de um artista após sua morte, muitas vezes este nem merecendo tal apreço (esses casos comentamos depois). É certo que essa situação toda se agrava quando a morte é trágica, como disse antes, e quando a pessoa em questão era, digamos assim, "inofensiva". Afinal, basta olhar o tanto de pessoas que choraram porIsabella Nardoni (foto), por exemplo, ou pelo menino João Hélio. Ninguém os conhecia, mas todos (ao menos em geral), sentiram-se de luto por ele. Acontece algo parecido na arte, então isso serve de questionamento: até onde a consagração do artista está atrelada a sua morte? Ainda não consigo chegar num consenso a respeito.
Zephir, Legolas, Gimli, Saruman e Milo se juntam ao Bárbaro Dankill e se dirigem à Astar, capital do reino de Kandarah Menor, onde procurariam uma importante pessoa que poderia ter poder para livrar o bardo Kailan da situação estranha em que se encontrara. Ninguém sabia oa certo dizer como ele tinha ficado daquele jeito. Os que analisaram suspeitaram ser algo de obra de Dinobiú Zinda, sumo-sacerdote de Nami (deusa das trevas), já que ele vivia pelas redondezas. Os aventureiros por sua vez não estavam acreditando nesta possibilidade. Já que era para atacar alguém, por que o clérigo maligno foi atacar apenas um bardo inofensivo? Era o que o grupo iria procurar saber com a ajuda de Chizuru Shirukaya. Astar é uma capital pequena, uma vez que o reino de Kandarah Menor é pobre e devastado pelas constantes batalhas contra o poderoso reino de Kandarah Maior. Pra piorar a situação de Astar, a cidade fica muito próxima do Antigo Templo de Nami, um local cheio de ruínas onde vive Dinobiú Zinda. Para que ela não seja vítima de nenhum ataque em potencial, os três mais valiosos combatentes ficam sempre de olhos abertos. Corrigindo: os dois combatentes, pois a terceira, a princesa Renata desaparecera com seu amor proibido e nunca mais apareceu, debilitando um pouco as defesas locais. Restaram na cidade então o louco guerreiro Jaken e a jovem maga elfa Chizuru Shirukaya. Ela cuida de suas orquídeas quando a garotinha que estava na frente da casa varrendo a entrada vem chamá-la. - O que hove?
Continuando nosso papo sobre as letras de hoje em dia, pensei bem sobre o que faz uma boa letra. Será que só um pós-doutor em literatura, física quântica, filosofia ou sociologia é capaz de compor algo que preste? Acredito que não. É fato que qualquer fonte de conhecimento é bem vinda e é ferramenta de suma importância na hora de escrever uma boa letra. Mas não é, ainda assim, a pedra fundamental. Se penssássemos assim a música popular (a de verdade, me refiro) estaria perdida ou não teria um bom status. Por muito tempo esses artistas populares foram vilipendiados pelos intelectuais; hoje vemos algo mais justo para eles. Acredito que essa mudança se deva ao fato de percebermos melhor as estruturas que compõem uma boa letra, uma boa obra de arte. Não nos resolve nada achar que basta termos a ferramenta e a obra sairá num passe de mágica. Como diz um artista colega meu, arte é sofrimento. E isso só tem a ver com uma palavra chave: sabedoria. Debatamos mais em breve.
Na pequena vila Akenan vivia uma família de elfos. Era a única da vila, mas convivia bem com os demais, talvez pela leve ligação que a família tinha com com a poderosa maga que morava em Astar, a capital do reino. Certa vez um velho enviou por um pombo-correio uma mensagem para a família, mais específicamente para o jovem mago Zephir. "precisamos de ajuda, aconteceu algo muito grave com um amigo nosso". Zephir recruta alguns amigos que moravam nas proximidades para que lhe ajudassem, pois não sabia bem dos perigos que ia enfrentar. Pois bem, a viagem não foi tão complicada, talvez interropida por pequenos escaravelhos que atacam em buscca de alimento nos bosques locais. À tardinha, quando chegaram ao destino, o grupo se apresentou ao velho: -Sou Gimli, o Texugo Vermelho, ao seu dispor. - Sou Legolas, o guerreiro da floresta. - Saruman, o feiticeiro. - Milo Toscobble. - E eu, como já sabe, sou Zephir Carah. O que está acontecendo? O velho respondeu que um grande amigo da vila tinha sido paralisado por uma estranha doença, maldição ou coisa do tipo, estava caído há um bom tempo e até agora ninguém sabe como isso tinha acontecido. Assim om grupo conheceu Kailan Máui, o sanfoneiro bardo, que padecia na cama de palha daquele casebre.
Outro grande disco que fez a cabeça da galera na década de 2000 foi o Era Vulgaris, do Queens of the stone age. Como o Radiohead de que falávamos, o Queens também veio dos anos 90 e ainda assimn deixou sua marca na década futura. O som basrtante grave ganhou um tom um pouco menos sombrio em relação a seu antecessor, Lullabies to paralyze, mas isso de modo algum prejudicou seu resultado final. O disco foi sucesso e hoje é referência para muita gente chegada em música de qualidade cheia de atitude hard rock. Nunca ouviu? Não sabe o que está perdendo.
Pois é, fechado o ciclo a que me referia por estes dias, passo agora a bolar o que de novo fará parte de minha vida literária marginal, e tem a ver com o título deste post. Não sei ao certo se tratará do título de meu novo projeto/ livro, mas é fato que ele deve dar o tom dos meus textos por um bom tempo. Espero falar de amor, de morte, temas universais da arte, mas costurando tudo para que ganhe um ar musical. A julgar pela minha afinidade com a música, acho que os contos estarão repletos de momentos que projetrão identificação com os leitores, sejam eles músicos ou não. ^^