"Dava pra sentir no último fio de cabelo a tranqüilidade com que a garota alongava os dedos, fitando as teclas do piano. Estas, por sua vez, choravam, criavam infindáveis marolas com as lágrimas. Marolas de um pesar que alegrava. Que canção linda! A tia só seguia as palavras de Cecília, que bem sabia quão bela era a tragédia. Dó menor. E a frieza que a música exigia exalava da garota. Uma frieza compassada, respirada em cada intervalo, causando calafrios na platéia, quase nenhum erro".
6. A fotografia
"Eu ficaria muito feliz se conseguisse reduzir o que sinto numa fotografia. Ali ainda não seria o caso, talvez chegasse perto. Mais pra esquerda, mãe! Junta esse aí que eu não sei o nome! Calma! Não empurra!"
7. Embrasse moi
"Pensou em interagir, mas logo calou os pensamentos. O homem, por sua vez, logo exigiu bastante calda de chocolate. Do jeito de sempre, certo? O garçom fez que sim com a cabeça e saiu, ainda com cara de pena. O rapaz parecia ansioso, como sempre. Batucava para si no canto da mesa, ouvia o som leve do jazz, tudo combinava com as impressões do garçom, compondo um agridoce ímpar; tudo combinava com as impressões do homem, compondo um dulçor melodioso".
8. As viagens de Sakura
"Fiz uma vez umas coisas estranhas, pintei alguns quadros usando água com pó de café no lugar da tinta. Eu delirava ao terminar, diante da obra-prima. Que coisa horrível, Sakura! Acabou a tinta, foi? Primeiro aqueles desenhos inocentes, agora isso? Deixa pra lá, era pra ser um grande presente de aniversário para a Cândida, mas depois o refiz aos tons de cinza. Filha, tá fazendo o quê? Olha o almoço! Eu lá quero saber de almoço? E no fundo da tela o verde se enchia, eu maravilhada. Sentia o coração pingar estrelas sobre o céu esverdeado, como se fosse uma raspa de escova de dente sobre a tela. Calma, Sakura, lembra do café".
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