Meus amigos, estou postando este texto por dois motivos: primeiramente, desejo a todos vocês que realizem suas metas e sonhos no novo ano que se aproxima. Muita paz e alegria para todos. O segundo motivo é para avisar que este blog, apesar da cara nova já apresentada agora, entrará em um pequeno recesso, voltando às postagens de costume após as festas. Vem novidades legais par mim neste início de 2011, entre elas o lançamento do tão falado livro e algumas coisinhas mais. Enfim, espero contar no ano que vem com as visitas de todos que gostam de meu blog. Grande abraço.
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23/12/2010
21/12/2010
16/12/2010
10/12/2010
Conto, câmera, ação! (parte IV)

06/12/2010
Como foi o XI Tipóia Festival (parte III)
Para finalizar a série sobre o Tipóia, falo das demais atrações, em especial daquelas que fogem da linha heavy/ hardcore comumente maior na noite de sábado do evento. Teve rap com Alex na Mente (Paulista), coco com Zé de Teté (Limoeiro) e também o bom e velho rock de Lula Côrtes. A festa foi garantida e um bom número de pessoas caiu na dança, o coco rolou solto e mostra a força regional, comprova que ainda há muita gente jovem preocupada com a preservação destas manifestações. Já o Lula Côrtes, como bom boêmio que é, fez a social pelas imediações com muita alegria e disposição, tirou fotos com muita gente (comigo inclusive, como vocês podem conferir). O show foi potente e, sem dúvida, o mais legal da noite. É um
a pena que ele tenha sido deixado para tão tarde, op que prejudicou tanto na quantidade de público, quanto na duração do show por causa da Lei do Silêncio local; assim, o show ganhou um certo ar de pressa, mas graças aos deuses do rock tudo correu bem. O saldo que fica é de um Tipóia que se mantém forte no calendário alternativo de Pernambuco, mas que no geral poderia ter sido melhor. O bom dessa conclusão é que sabemos que a organização do evento continuará sempre a todo vapor para proporcionar diversão e arte de qualidade ao público. Sendo assim, que venha o próximo Tipóia! \o/
Fotos: acervo pessoal.
02/12/2010
01/12/2010
Como foi o XI Tipóia Festival (parte II)
Falemos agora um pouco sobre a parte mais heavy/ hardcore da noite de sábado do Tipóia, na qual estive presente. Bom, a noite foi dedicada às bandas mais pesadas, porém senti que mais podia ser proporcionado, observando as coisas de um modo geral. O Cabeças Podres estreve de volta ao festival e mandou bem, ao menos nas suas canções. A execução de Anarchy in UK podia ter sido deixada de lado. O nome forte do Hanagorik trouxe o público em peso, mas, ao menos para mim, quem mais incendiou a coisa toda na linha foi o Cruor (foto), que logo na entrada chamou todos para a roda. A diversão foi garantida e a execução das músicas foi bem feita. Saliento também a boa atuação da polícia ao evitar transtornos com os famosos bebuns encrenqueiros de plantão. Enfim, foi uma noite forte e gloriosa, que não parou por aí. Logo mais, comento os ritmos regionais que também fizeram bonito, bem como a atração especial da noite.
Até mais.
Até mais.
Foto: acervo pessoal
29/11/2010
Como foi o XITipóia Festival (parte I)
O festival de música alternativa de Tracunhaém já é tradição, estando no calendário de muitos fãs de boa música; esse ano, o público se deleitou ao som de bandas de diversos segmentos artísticos, encerrando com o grande mestre do rock recifense Lula Côrtes (foto). Os shows foram instigantes e divertidos, quem foi teve bons motivos para sair com torcicolo (sim, amigos, isso é um elogio!) ou para berrar aos quatro ventos fazendo sinalzinho clássico do rock \m/. É pena que a Lei do Silêncio tenha sido um tanto chata, atrapalhando a performance das bandas finais. Entretanto, o saldo foi muito bom. Mais detalhes no próximo post. Até lá!
Foto: acervo pessoal
19/11/2010
17/11/2010
Grande Evento Acadêmico da UFPB
Comunico para todos os que passam por este blog que na próxima semana não farei novas postagens, pois estarei um tanto ocupado, prestigiando o IX CCHLA - Conhecimento em Debate, evento da área de Ciências Humanas da UFPB. Além de assistir à apresentações de colegas e professores, também farei uma apresentação, falando sobre dois grandes mestres do conto: Horacio Quiroga e Edgar Allan Poe. A quem for das proximidades e puder comparecer, não perca tempo. O evento ocorrerá de 22 a 26 de novembro, em todos os turnos. Convém conferir a programação no site do evento.
15/11/2010
Viva a poesia!

Dentre todas as Almas já criadas
Dentre todas as Almas já criadas -
Uma - foi minha escolha -
Quando Alma e Essência - se esvaírem -
E a Mentira - se for -
Quando o que é - e o que já foi - ao lado -
Intrínsecos - ficarem -
E o Drama efêmero do corpo -
Como Areia - escoar -
Quando as Fidalgas Faces se mostrarem -
E a Neblina - fundir-se -
Eis - entre as lápides de Barro -
O Átomo que eu quis!
(Tradução: José Lira)
Com este lindo poema da Emily Dickinson deixo aqui minha homenagem à poesia e a todos os que tiveram a ousadia e a disposição de participar do Dia do Grito, 15/11/2010. O dia em que todo o ser compreender de verdade o que é a poesia, tenha certeza de que a vida será mais significativa; teremos a sensação de que todo o intervalo composto de sofrimentos, por mais pesarosos que se demonstrem, consagram a Beleza poética como grande maravilha e veículo de intenso regozijo da alma. Espero que hoje e sempre todos nós busquemos a transcendência a que a poesia nos submete, e que dela possamos nos tornar, ao menos por um milésimo de segundo que seja, perfeitos. Parabéns a todos os poetas.
Viva a poesia!
Viva a poesia!
11/11/2010
Anos 00: o que houve? (parte XI)

Bom, chegou a hora de dar voz a alguns grandes discos desta década em terras tupiniquins. Falando primeiramente de bandas que se projetaram nos anos 90 e aindam estão firmes, destacamos hoje o belo Fome de Tudo (2007), da Nação Zumbi. Há ainda hoje muitos desavisados que vivem do luto do grande Francisco de Assis, perdendo assim uma grande oportunidade de ver que a vida segue. Evidente que a década de 90 ficará sempre marcada na carreira de da banda, mas a qualidade do trabalho segue forte, trazendo sempre boas canções e inovações musicais que não pararam após o falecimento do antigo líder. Jorge du Peixe e Cia conseguem, neste disco, grande impacto com canções como "Bossa Nostra" e na faixa-título. O groove inusitado em 7/8 de "Carnaval" é muito bonito e mostra-nos que estes caras ainda tem muito a oferecer e ensinar àqueles que acham que a música se desintegrou com o fim do milênio passado. Ledo engano, como vemos.
07/11/2010
A paciente

Os outros tendem a achar que pessoas na minha condição não pensam. Talvez possamos considerar isto verdade se generalizarmos, apenas. Ainda consigo pensar, cogito se algum dia estive mais lúcida. Consigo perceber cada milímetro de silêncio que me circunda; deve ser noite. Minhas pernas formigam, o que deve ser também um bom presságio. Minha percepção das coisas está perfeita; noto a língua estática descansando no palato duro, quase nada de saliva, ouço com clareza as batidas do meu coração, compassadas, marcando um ritmo lerdo, porém preciso. Mesmo na situação que estou ainda sinto tudo, até prazer. É, prazer, apraz-me muito a vida baseada em suposições sensoriais. Tenho de admitir que sempre fui boa nisto. Mesmo com os olhos trancafiados, como agora, consigo ter noção dos arredores. As paredes me parecem limpas, claras. Deve haver uma mesinha a meu lado com alguns itens típicos do local, algum tipo de droga também (sim, pois não sinto dor). Com o que você nasceu para gostar tanto de hospitais, minha filha? Mamãe sempre exagerava nestas coisas, era apenas curiosidade, sempre me achei criativa. É uma pena que agora devam estar rindo da minha condição, especialmente ela. Mamãe? Não, esta já se foi faz tempo. Falo da Regina, minha irmã.
Dou graças a Deus todos os dias (quantos já se passaram aqui?) por me conceder o dom de lidar com a dura tarefa de ser caçula. Na infância já foi um pouco mais difícil, mas sei que ao longo dos anos isto fora superado. É pena que ela deva estar rindo de mim agora por eu estar aqui, creio que isto seja então o único fiozinho de ódio; também acho esse o fio que me faz não me perder neste labirinto do subconsciente, que me permite manter a lucidez. É difícil ter noção das horas. Não há nenhum tique-taque, por mais sutil, que se expresse dentro deste quarto. Sai pra lá, esquisita! Ouvi isso da minha irmã a vida inteira. Confesso que às vezes me acho excêntrica, mas isso é normal, sou jovem, acabo de ingressar na idade adulta (eu acho), já vi muita menina mais excêntrica que eu por aí. Você tá maluca? Você é a coisa mais bizarra que existe! Não é verdade, tenho cabeça corpo e membros como qualquer outra pessoa saudável. Consigo até, com um pouco de esforço, ser atraente, mas prefiro ficar no meu canto. As pessoas devem estar gargalhando lá fora, mas não tem problema, pois me sinto muito bem. Aqui parece um paraíso, a paz é plena... Tudo num silêncio sincrônico, a ordem perfeita das coisas. Não compreendo bem o que é este mundo obscuro de sensações, mas sei que gosto. Talvez seja Deus, talvez o plano ideal que se falava na Grécia, tudo parece nulo, mas sem desconforto, devo estar aqui há muito tempo. Sentia há horas (séculos, dias, anos, não tenho certeza) que uma agulha me atravessava o pulso, agora só o formigamento, o corpo dormente. É divertido ter tanta percepção assim das coisas, me sinto deusa, deusa no mar mais profundo. Há lugares inexplorados pelo homem, aonde ainda nem luz chega, aonde microorganismos aquáticos aguardam batismo; lá estou eu, feliz entre eles e corais que não vejo, só sinto, assim como sinto esta sala.
Admito que há de causar confusão a quem me ouve tais depoimentos. Entretanto, o que esperar de alguém em coma provavelmente numa cama de lençóis claros e com a cabeça enterrada num travesseiro? No mais, peço humildemente para ser ouvida (quem sabe um pouquinho compreendida). Sei também que peço demais, pois ouvir não é um dom de todo ser. Ninguém te suporta, sua idiota! Se enxerga! Regina sempre dizia que ninguém conseguia me ouvir. Mamãe morreu então por isto? Pelos cantos da casa a vi brigando com o papai. Ela não é retardada coisíssima nenhuma, ouviu? Você joga ela pelos cantos da casa e agora tira o corpo fora? Quer dizer que a culpa é minha, é? Culpa de que, mãe? Não sou doente, deveria ter invadido a cena e dito isso, mas tive medo. Agüentei calada. Bruxa! Hahaha... Mamãe, a Regina tá me chamando de bruxa de novo! Olha ela, mamãe! Chorei muito aquela noite; hoje não tenho do que reclamar, é tudo perfeito. É pena que aqui não dê para se vestir bem, devo estar com uma roupa de hospital, branca, porém quase bege de tão encardida. Cá entre nós, apesar de minha aguçada percepção da realidade, não me lembro de ter notado alguém por perto, uma enfermeira que fosse. Quem me dá banho? Preciso estar asseada, não sei se me depilam e nem se o fazem corretamente; sei apenas que uma mecha do meu cabelo sobe e desce sobre meu peito em ritmo quase nulo. Minha respiração é muito lerda, me sinto em slow motion o tempo todo. O cheiro forte de éter me cerca, tornando impossível saber se estou com mau cheiro. Como será o hospital? Será que há profissionais competentes, com boa vontade para limpar uma moça inválida num dos tantos leitos da repartição? Ou será que se sensibilizaram uma vez na vida e me pagaram um bom atendimento? Não acredito nisso. O meu pai sempre preferiu a mais velha, a rainha da casa. É sempre mais cômodo gostar daqueles que vivem num eterno torpor, diferente de gostar de alguém que se ganhou algum mimo foi de mãe em vida e desde então vive embebida num oceano de formol – formol de desprezo, melhor dizendo. Aonde você vai com estas roupas estranhas? Que tem demais, papai? A Regina logo se metia e me chamava de “coisa”. Até que meu pai acabava aceitando que eu me vestisse daquele jeito. Manias de jovem de querer aparecer, depois passa. Para o deleite da Regina, isto não passou, tampouco foi tolerado. Lembro de ter sido violentamente humilhada por causa da calça, tão bonita era aquela, um jeans, a perna direita longa, e esquerda curta, quase um shortinho... Eu chorei; juro que meu choro foi mais amplo que todo o silêncio que agora me conforta. Por outro lado, não cedi. Usei aquela calça até que as traças se deliciassem com sua deterioração. Penso, às vezes, que estou aqui, agora, apenas me deteriorando lentamente (deve ser por isso o formigamento). Não! Me desculpa. Sejamos lúcidos: estou apenas deitada numa cama de hospital e logo sairei do coma e me defrontarei novamente com o mundo lá fora, embora aqui não seja, a bem da verdade, um mau lugar.
Me dei conta agora de que algum tempo mais se passou. Não dá para ter idéia de quanto. Anos? Meses? Dias? É impossível saber, mas sinto que algum tempo se passou, devido à postura do meu corpo. Talvez tenha estado num estágio mais profundo e por isso não conseguia manter força alguma nem para exercitar o ato de pensar como faço agora. Se bem que reagi a algum estímulo, por isso me percebo pensante novamente; devo estar melhorando, dando um salto dentro da água do mar, criando a impressão de que a saída está próxima. Mas quem disse que quero sair? Bem, realmente eu não queria, mas esse estímulo que me acordara fez com que temesse esse fluxo de inconsciência onde estou submersa.
Sim, alguém chamou meu nome. Foi um chamado ríspido, seco, todavia definido o suficiente para me acordar (se bem que não sei se foi o primeiro chamado). O que me impressionou foi o fato de parecer ter vindo de muito perto. Alguém falou baixinho no meu ouvido? Tem alguém me chamando? Será? Estou com medo agora. É, tenho medo porque reconheço a voz que me chama, o tom sarcástico que deve transbordar em gargalhadas observando meu estado. Em que grau do coma me encontro? Não sei muito a esse respeito, sei que consegui captar um estímulo externo depois de muito tempo e que ele me fez tremer de medo. É ela, tenho certeza. A infeliz até aqui está me atormentando; por que ela não me deixa em paz? Está me observando, quase consigo vê-la rindo. A bruxa! Em seu novo número, a bruxa mostra como se disfarçar de pedra! Deus do céu, me afasta dela, fecha a boca dela para que não me chame mais. Os passos! Sim, conheço o jeito arrastado do calçado, um som sibilante cruzando os arredores. Que ela quer me cercando dessa maneira? Sai daqui! Sai daqui! Tenho certeza, ela quer rir da minha cara, quer ter certeza que vou ficar a eternidade definhando aqui nessa cama...
- Sai! Sai já daqui, sua infeliz! Sai!
Ergui-me com uma força impressionante, que nem eu pensava ter, o zunir do meu braço arrastou consigo todos os fios, senti dor (não só psicológica) ao sentir desprender-se uma agulha de meu braço rijo. Um ódio profundo me induzia aquilo, sentia-me viva por poder me erguer e agredir o rosto da pessoa que tanto mal me fez a vida inteira. Minha ira, minha catarse só se mostrou frustrante quando finalmente abri os olhos.
Foi com imensa angústia e incompreensão que naquela força, que mais parecia a de alguém querendo desesperadamente fugir de um afogamento, vi que não havia absolutamente ninguém no quarto. Uma lágrima escorreu de meus olhos, despencou junto com meu corpo. Minhas pernas não tinham a força que eu pensava, percebi pelo relevo do lençol que as cobriam que estavam muito finas. Deus do céu, há quanto tempo estou aqui! Os braços também um pouco atrofiados não me sustentaram, derrubando-me à cama novamente. Alguns vidros de uma mesinha ao lado caíram com meu alvoroço. Logo estes foram recolhidos por uma enfermeira que invadiu o quarto. Moça, você está bem? Calma, já vou cuidar desse sangramento. Tratando do meu braço, ela chamava com vontade o médico. Podia jurar que sentia carinho por parte dela, virou-me cautelosa, ergue-me o corpo, acariciou meus cabelos, como que os arrumando. Percebi então claramente que estavam curtos (não era uma longa mecha que eu sentia sobre o peito?), bem tratados, cheirosos. Todo o local compunha um ambiente confortável. Eu tinha as unhas cortadas, por um momento, ao molhar os lábios, pensei que estivesse de batom, mas deve ter sido impressão. De qualquer modo, isso me fazia criar, naqueles mínimos instantes em que a minha euforia se esvanecia, que eu precisava chorar. Ainda chamando o médico, a enfermeira puxou minha cabeça para seu ombro. As lágrimas... O que houve? A paciente despertou do coma, doutor. Ele abriu um sorriso, Pegou uma pequena lanterna para observar minhas pálpebras. Não deixa ela vir, não deixa, não... Ela quem? Doutor, a paciente não fala coisa com coisa. Tenha paciência, você mais do que ninguém sabe da condição dela. Cecília (ouvi novamente meu nome, mas agora sabendo ter sido a enfermeira que me acudia), olha pra mim! De quem você está falando? Não deixa ela vir, não deixa a infeliz vir aqui, repetia aquilo enquanto uns poucos curiosos do hospital esticaram suas cabeças para me ver. Ela acordou! Todos aplaudiram quando o médico anunciou. Não deixe ela entrar aqui. A enfermeira pareceu ter compreendido o que eu queria dizer. Cecília, se for pela sua irmã, acalme-se! Você sabe que ela não viria aqui. Pra falar a verdade, é impossível que ela venha, ela se foi! Calma, Cecília, você deu um grande passo hoje. Eu ainda chorava diante de meu final feliz. Eu juro! Era ela me chamando! Até aqui ela me perturba! Vocês estão escondendo isso de mim, não é, ou acham que estou vendo e ouvindo coisas? Minha cabeça estava doendo, a realidade me fazia doer a cabeça. Pedi por todos os santos que me sedassem. Por favor, quero dormir, quero dormir, quero dormir...
Depois de mais exames, me deitaram com esmero na cama, senti o sono se aproximar, fechei os olhos, aguardando pacientemente, finalmente esbocei um sorriso, preparei-me para um novo mergulho. Afinal, por que amar a superfície? Ouvi o mundo se dissipando, agradeci a todos, me senti confortável, respirava sem nenhuma sofreguidão.
Dou graças a Deus todos os dias (quantos já se passaram aqui?) por me conceder o dom de lidar com a dura tarefa de ser caçula. Na infância já foi um pouco mais difícil, mas sei que ao longo dos anos isto fora superado. É pena que ela deva estar rindo de mim agora por eu estar aqui, creio que isto seja então o único fiozinho de ódio; também acho esse o fio que me faz não me perder neste labirinto do subconsciente, que me permite manter a lucidez. É difícil ter noção das horas. Não há nenhum tique-taque, por mais sutil, que se expresse dentro deste quarto. Sai pra lá, esquisita! Ouvi isso da minha irmã a vida inteira. Confesso que às vezes me acho excêntrica, mas isso é normal, sou jovem, acabo de ingressar na idade adulta (eu acho), já vi muita menina mais excêntrica que eu por aí. Você tá maluca? Você é a coisa mais bizarra que existe! Não é verdade, tenho cabeça corpo e membros como qualquer outra pessoa saudável. Consigo até, com um pouco de esforço, ser atraente, mas prefiro ficar no meu canto. As pessoas devem estar gargalhando lá fora, mas não tem problema, pois me sinto muito bem. Aqui parece um paraíso, a paz é plena... Tudo num silêncio sincrônico, a ordem perfeita das coisas. Não compreendo bem o que é este mundo obscuro de sensações, mas sei que gosto. Talvez seja Deus, talvez o plano ideal que se falava na Grécia, tudo parece nulo, mas sem desconforto, devo estar aqui há muito tempo. Sentia há horas (séculos, dias, anos, não tenho certeza) que uma agulha me atravessava o pulso, agora só o formigamento, o corpo dormente. É divertido ter tanta percepção assim das coisas, me sinto deusa, deusa no mar mais profundo. Há lugares inexplorados pelo homem, aonde ainda nem luz chega, aonde microorganismos aquáticos aguardam batismo; lá estou eu, feliz entre eles e corais que não vejo, só sinto, assim como sinto esta sala.
Admito que há de causar confusão a quem me ouve tais depoimentos. Entretanto, o que esperar de alguém em coma provavelmente numa cama de lençóis claros e com a cabeça enterrada num travesseiro? No mais, peço humildemente para ser ouvida (quem sabe um pouquinho compreendida). Sei também que peço demais, pois ouvir não é um dom de todo ser. Ninguém te suporta, sua idiota! Se enxerga! Regina sempre dizia que ninguém conseguia me ouvir. Mamãe morreu então por isto? Pelos cantos da casa a vi brigando com o papai. Ela não é retardada coisíssima nenhuma, ouviu? Você joga ela pelos cantos da casa e agora tira o corpo fora? Quer dizer que a culpa é minha, é? Culpa de que, mãe? Não sou doente, deveria ter invadido a cena e dito isso, mas tive medo. Agüentei calada. Bruxa! Hahaha... Mamãe, a Regina tá me chamando de bruxa de novo! Olha ela, mamãe! Chorei muito aquela noite; hoje não tenho do que reclamar, é tudo perfeito. É pena que aqui não dê para se vestir bem, devo estar com uma roupa de hospital, branca, porém quase bege de tão encardida. Cá entre nós, apesar de minha aguçada percepção da realidade, não me lembro de ter notado alguém por perto, uma enfermeira que fosse. Quem me dá banho? Preciso estar asseada, não sei se me depilam e nem se o fazem corretamente; sei apenas que uma mecha do meu cabelo sobe e desce sobre meu peito em ritmo quase nulo. Minha respiração é muito lerda, me sinto em slow motion o tempo todo. O cheiro forte de éter me cerca, tornando impossível saber se estou com mau cheiro. Como será o hospital? Será que há profissionais competentes, com boa vontade para limpar uma moça inválida num dos tantos leitos da repartição? Ou será que se sensibilizaram uma vez na vida e me pagaram um bom atendimento? Não acredito nisso. O meu pai sempre preferiu a mais velha, a rainha da casa. É sempre mais cômodo gostar daqueles que vivem num eterno torpor, diferente de gostar de alguém que se ganhou algum mimo foi de mãe em vida e desde então vive embebida num oceano de formol – formol de desprezo, melhor dizendo. Aonde você vai com estas roupas estranhas? Que tem demais, papai? A Regina logo se metia e me chamava de “coisa”. Até que meu pai acabava aceitando que eu me vestisse daquele jeito. Manias de jovem de querer aparecer, depois passa. Para o deleite da Regina, isto não passou, tampouco foi tolerado. Lembro de ter sido violentamente humilhada por causa da calça, tão bonita era aquela, um jeans, a perna direita longa, e esquerda curta, quase um shortinho... Eu chorei; juro que meu choro foi mais amplo que todo o silêncio que agora me conforta. Por outro lado, não cedi. Usei aquela calça até que as traças se deliciassem com sua deterioração. Penso, às vezes, que estou aqui, agora, apenas me deteriorando lentamente (deve ser por isso o formigamento). Não! Me desculpa. Sejamos lúcidos: estou apenas deitada numa cama de hospital e logo sairei do coma e me defrontarei novamente com o mundo lá fora, embora aqui não seja, a bem da verdade, um mau lugar.
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Me dei conta agora de que algum tempo mais se passou. Não dá para ter idéia de quanto. Anos? Meses? Dias? É impossível saber, mas sinto que algum tempo se passou, devido à postura do meu corpo. Talvez tenha estado num estágio mais profundo e por isso não conseguia manter força alguma nem para exercitar o ato de pensar como faço agora. Se bem que reagi a algum estímulo, por isso me percebo pensante novamente; devo estar melhorando, dando um salto dentro da água do mar, criando a impressão de que a saída está próxima. Mas quem disse que quero sair? Bem, realmente eu não queria, mas esse estímulo que me acordara fez com que temesse esse fluxo de inconsciência onde estou submersa.
Sim, alguém chamou meu nome. Foi um chamado ríspido, seco, todavia definido o suficiente para me acordar (se bem que não sei se foi o primeiro chamado). O que me impressionou foi o fato de parecer ter vindo de muito perto. Alguém falou baixinho no meu ouvido? Tem alguém me chamando? Será? Estou com medo agora. É, tenho medo porque reconheço a voz que me chama, o tom sarcástico que deve transbordar em gargalhadas observando meu estado. Em que grau do coma me encontro? Não sei muito a esse respeito, sei que consegui captar um estímulo externo depois de muito tempo e que ele me fez tremer de medo. É ela, tenho certeza. A infeliz até aqui está me atormentando; por que ela não me deixa em paz? Está me observando, quase consigo vê-la rindo. A bruxa! Em seu novo número, a bruxa mostra como se disfarçar de pedra! Deus do céu, me afasta dela, fecha a boca dela para que não me chame mais. Os passos! Sim, conheço o jeito arrastado do calçado, um som sibilante cruzando os arredores. Que ela quer me cercando dessa maneira? Sai daqui! Sai daqui! Tenho certeza, ela quer rir da minha cara, quer ter certeza que vou ficar a eternidade definhando aqui nessa cama...
- Sai! Sai já daqui, sua infeliz! Sai!
Ergui-me com uma força impressionante, que nem eu pensava ter, o zunir do meu braço arrastou consigo todos os fios, senti dor (não só psicológica) ao sentir desprender-se uma agulha de meu braço rijo. Um ódio profundo me induzia aquilo, sentia-me viva por poder me erguer e agredir o rosto da pessoa que tanto mal me fez a vida inteira. Minha ira, minha catarse só se mostrou frustrante quando finalmente abri os olhos.
Foi com imensa angústia e incompreensão que naquela força, que mais parecia a de alguém querendo desesperadamente fugir de um afogamento, vi que não havia absolutamente ninguém no quarto. Uma lágrima escorreu de meus olhos, despencou junto com meu corpo. Minhas pernas não tinham a força que eu pensava, percebi pelo relevo do lençol que as cobriam que estavam muito finas. Deus do céu, há quanto tempo estou aqui! Os braços também um pouco atrofiados não me sustentaram, derrubando-me à cama novamente. Alguns vidros de uma mesinha ao lado caíram com meu alvoroço. Logo estes foram recolhidos por uma enfermeira que invadiu o quarto. Moça, você está bem? Calma, já vou cuidar desse sangramento. Tratando do meu braço, ela chamava com vontade o médico. Podia jurar que sentia carinho por parte dela, virou-me cautelosa, ergue-me o corpo, acariciou meus cabelos, como que os arrumando. Percebi então claramente que estavam curtos (não era uma longa mecha que eu sentia sobre o peito?), bem tratados, cheirosos. Todo o local compunha um ambiente confortável. Eu tinha as unhas cortadas, por um momento, ao molhar os lábios, pensei que estivesse de batom, mas deve ter sido impressão. De qualquer modo, isso me fazia criar, naqueles mínimos instantes em que a minha euforia se esvanecia, que eu precisava chorar. Ainda chamando o médico, a enfermeira puxou minha cabeça para seu ombro. As lágrimas... O que houve? A paciente despertou do coma, doutor. Ele abriu um sorriso, Pegou uma pequena lanterna para observar minhas pálpebras. Não deixa ela vir, não deixa, não... Ela quem? Doutor, a paciente não fala coisa com coisa. Tenha paciência, você mais do que ninguém sabe da condição dela. Cecília (ouvi novamente meu nome, mas agora sabendo ter sido a enfermeira que me acudia), olha pra mim! De quem você está falando? Não deixa ela vir, não deixa a infeliz vir aqui, repetia aquilo enquanto uns poucos curiosos do hospital esticaram suas cabeças para me ver. Ela acordou! Todos aplaudiram quando o médico anunciou. Não deixe ela entrar aqui. A enfermeira pareceu ter compreendido o que eu queria dizer. Cecília, se for pela sua irmã, acalme-se! Você sabe que ela não viria aqui. Pra falar a verdade, é impossível que ela venha, ela se foi! Calma, Cecília, você deu um grande passo hoje. Eu ainda chorava diante de meu final feliz. Eu juro! Era ela me chamando! Até aqui ela me perturba! Vocês estão escondendo isso de mim, não é, ou acham que estou vendo e ouvindo coisas? Minha cabeça estava doendo, a realidade me fazia doer a cabeça. Pedi por todos os santos que me sedassem. Por favor, quero dormir, quero dormir, quero dormir...
Depois de mais exames, me deitaram com esmero na cama, senti o sono se aproximar, fechei os olhos, aguardando pacientemente, finalmente esbocei um sorriso, preparei-me para um novo mergulho. Afinal, por que amar a superfície? Ouvi o mundo se dissipando, agradeci a todos, me senti confortável, respirava sem nenhuma sofreguidão.
[Wander Shirukaya]
Foto: Girl Sleeping, 1935, Tamara de Lempicka (1898-1980)
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZfB0bl_ByQOi9wbd2sGdV2owuvsZ7ZJ-AqOkT9RbcSbdaVyMdbhZzbFfaAV9JBhxVU0LTKbAK-qfrXVcKNdx-eXrQRM5BX23jygJRKnxAzPGBtqYTForBMbswYKEGLuYA46xSN-Psacbj/s400/GirlSleeping.jpg
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZfB0bl_ByQOi9wbd2sGdV2owuvsZ7ZJ-AqOkT9RbcSbdaVyMdbhZzbFfaAV9JBhxVU0LTKbAK-qfrXVcKNdx-eXrQRM5BX23jygJRKnxAzPGBtqYTForBMbswYKEGLuYA46xSN-Psacbj/s400/GirlSleeping.jpg
04/11/2010
Sobre "A paciente"

02/11/2010
Novos livretos dos poetas Goianenses

O Silêncio Interrompido disponibilizou em seu blog mais alguns livretos dos poetas de Goiana - PE. Desdta vez contamos com Ademauro Coutinho (foto), Glauco Guimarães e André Philipe. Já deu uma conferida no material, e digo aos amantes da poesia que está muito legal. Se for de seu interesse, passe lá e baixe os exemplares sem pagar nenhum vintém. Até a próxima.
30/10/2010
Livro I; Cap. XV: Os outros
Tendo os amigos Kailan e Zephir sido eliminados logo no primeiro embate, os demais se preocuparam em avaliar melhor seus adversários para não serem as novas vítimas. Saruman sentiu-se ansioso para testar seus dotes quando viu que havia um grupo só de magos, chamados Mildred, Thabatus e Delphos. Hildegard ficou ainda mais ansioso, pois encontrou dentre os grupos uma pessoa muito familiar a ele.
Karina Vonkova, também clériga da guerra, arquiinimiga de longa data. A armadura avermelhada e imponente escondia uma moça até franzina, o que lhe tirava força mas lhe proporcionava maior habilidade com a espada. Somando-se isso à conduta extremamente impulsiva de Hildegard, aquela moça representava uma ameaça. Dois guerreiros a acompanhavam, chamavam-se Wiltord e Schweinsteiger.
- Pelos nomes devem ser um monte de lixo!
Outro grupo chamou a atenção também, o dos irmãos, praticantes de artes marciais. Lyora e Fubuki estavam acompanhados por Suzy Shifter, uma moça especialista em briga de rua.
- Outro bando de lixo! - resmungava Hildegard.
Por fim, muitos sentiram-se amedrontados ao ver lutar uma outra mulher...
Karina Vonkova, também clériga da guerra, arquiinimiga de longa data. A armadura avermelhada e imponente escondia uma moça até franzina, o que lhe tirava força mas lhe proporcionava maior habilidade com a espada. Somando-se isso à conduta extremamente impulsiva de Hildegard, aquela moça representava uma ameaça. Dois guerreiros a acompanhavam, chamavam-se Wiltord e Schweinsteiger.
- Pelos nomes devem ser um monte de lixo!
Outro grupo chamou a atenção também, o dos irmãos, praticantes de artes marciais. Lyora e Fubuki estavam acompanhados por Suzy Shifter, uma moça especialista em briga de rua.
- Outro bando de lixo! - resmungava Hildegard.
Por fim, muitos sentiram-se amedrontados ao ver lutar uma outra mulher...
Continua...
27/10/2010
Sobre "Feliz dia dos pais"

20/10/2010
Arte e propaganda (parte III)

Olhando por alto, apenas para instigar o pensamento, o mercado é um fator determinante para o sucesso de um artista. Entretanto, acredito que este deveria ser parte da banda, não o contrário. Quando a situação inversa acontece, vemos claramente que a postura do artista deixa de ser comprimissada com a arte e passa a ser apenas com as cifras. A meu ver, um não deve anular o outro, mas mesmo assim a vida do artista para equilibrar as coisas anda cada vez mais difícil, uma vez que ofertas de boa vida são tentadoras a qualquer ser humano. Sendo assim, pergunto: que fazer para uma relação honesta neste sentido? Arte e propaganda (mídia) podem andar juntas? Deixem seus comentários.
18/10/2010
Livro I; Cap. XIV - Eliminados na primeira luta
Kailan, Zephir e um participante conhecido ali mesmo na inscrição foram para a arena logo no início. Se fosse ficção talvez teriam sido fortes e mostrariam que aquele grupo serviria de exemplo de força de vontade. Mas quis a realidade nua e crua que um mago e um bardo não fossem tão efetivos num torneio que tinha grande quantidade de homens do confronto dirteto inscritos. Felizmente, ninguém morreu. Por outro lado é preciso destacar em em oputras crcunstâncias a dupla seria efetivamente mais poderosa, mas num direto entre tantos bárboros e guerreiros, realmente foi impossível que se segurassem.
Chateados, os dois dispensaram o insignificante parceiro e se sentaram às arquibancadas para observar se os demais grupos teriam melhor sorte.
- Eu espero que eles vençam. Se isso não acontecer, será muito difícil conseguirmos a grana da viagem - falou Zephir.
- Gimli, Dankill e o clérigo parecem ter mais força física; aguentarão bem. Só tomara que tenham também inteligência.
- Dankill está aprendendo a ler agora, mas quando se trata de batalha supera muitos conhecedores de tomos antigos.
- Que ops deuses o protejam, pois pela cara dos demais participantes, não sei se será fácil...
Chateados, os dois dispensaram o insignificante parceiro e se sentaram às arquibancadas para observar se os demais grupos teriam melhor sorte.
- Eu espero que eles vençam. Se isso não acontecer, será muito difícil conseguirmos a grana da viagem - falou Zephir.
- Gimli, Dankill e o clérigo parecem ter mais força física; aguentarão bem. Só tomara que tenham também inteligência.
- Dankill está aprendendo a ler agora, mas quando se trata de batalha supera muitos conhecedores de tomos antigos.
- Que ops deuses o protejam, pois pela cara dos demais participantes, não sei se será fácil...
continua...
15/10/2010
Aviso
Oi, informei dias atrás que estaria na UFPE neste dia 17/10, porém o evento em que eu iria foi cancelado. Infelizmente ficará para a próxima.
11/10/2010
Conto, câmera, ação! (parte III)

Voltando à discussão de relações entre cinema e literatura, exibo alguns pontos interessantes que devemos observar, pelo menos na minha opinião, ao fazer a comparação de um livro que virou filme ou vice-versa. Como exemplo, recorro ao livro As horas, de Michael Cunningham e ao filme homônimo, dirigido por Stephen Daldry. Temos aqui uma amostra de obras importantes e igualmente consagradas em seus segmentos (apesar de reconhecer que o filme é bem mais popular, mas isso deve mais à superexposição característica do cinema). Como então conseguimos ver duas obras serem tão boas, sem nos apegarmos ao argumento da tal "fidelidade" de que falávamos anteriormente?
Ambos contam a mesma história, mesclando dados biográficos da escritora Virginia Woolf a uma história entrecruzada que requer muito da perspicácia de quem lê/ assiste. Uma figura de nossa realidade, inicialmente, já nos é postas como personagem. No livro a composição desta personagem é avaliada através do texto do autor, buscando sempre os melhores recursos estéticos para atingir seus objetivos. Quanto ao filme, para que ganhe sua autonomia e força, vemos também a bela atuação da Nicole Kidman (uma Virginia formidável, digamos). Resumindo a ópera, a história em si é a mesma, mas os pontos a se observar são distintos, sendo a interpretação dos atores, como citei, um dos vários exemplos de como criar algo de qualidade. Sem necessidade de atores, o romance pode contar com a exploração de outros recursos característicos, como o fluxo de consciência, tão característico na obra da própria Virginia. Logo, procuremos clarear nossas idéias ao compararmos obras distintas, para que não sejamos injustos nem tendenciosos. Logo mais, sigo com novos exemplos, procurando me voltar mais para a relação conto-curta, como é o foco desta série. Até lá.
Ambos contam a mesma história, mesclando dados biográficos da escritora Virginia Woolf a uma história entrecruzada que requer muito da perspicácia de quem lê/ assiste. Uma figura de nossa realidade, inicialmente, já nos é postas como personagem. No livro a composição desta personagem é avaliada através do texto do autor, buscando sempre os melhores recursos estéticos para atingir seus objetivos. Quanto ao filme, para que ganhe sua autonomia e força, vemos também a bela atuação da Nicole Kidman (uma Virginia formidável, digamos). Resumindo a ópera, a história em si é a mesma, mas os pontos a se observar são distintos, sendo a interpretação dos atores, como citei, um dos vários exemplos de como criar algo de qualidade. Sem necessidade de atores, o romance pode contar com a exploração de outros recursos característicos, como o fluxo de consciência, tão característico na obra da própria Virginia. Logo, procuremos clarear nossas idéias ao compararmos obras distintas, para que não sejamos injustos nem tendenciosos. Logo mais, sigo com novos exemplos, procurando me voltar mais para a relação conto-curta, como é o foco desta série. Até lá.
08/10/2010
Entrevistando Márcio Barba
Temos agora mais um entrevistado no blog, meus amigos. Desta vez, trago para uma palavrinha o guitarrista Máricio (Barba) Alves, da banda Contrataque (Olinda - PE). A banda já tem um vídeo apresentado aqui, agora cedemos espaço para ver o seu guitarrista tem a dizer. Vamos lá.
Wander - fale um pouco sobre você.
Márcio - sou um gráfico formado e atuante até hoje. Conheci a música (o rock) através de um disco de vinil dos Ratos de Porão, desde então passei a ser fã da banda; e foi 3 anos depois que tive a idéia de formar minha primeira banda, chamada Ataque Suicida. Só que nem tudo são flores. Depois de 12 anos de banda e shows importantes como Abril pro Rock, Skol PE e outros, ocorreram desentendimentos e saí da banda, levando meu amigo batera comigo, e formamos o Contrataque.
Wander - até hoje muitas pessoas persistem com o pensamento de que a música de Pernambuco se resume ao que foi feito no movimento mangue. Como você e a banda lidam com esta situação?
Márcio - vi o movimento mangue surgir, e vi que depois de Chico ele não era mais o mesmo. Muitos malucos querendo ser Chico e coisa e tal... Mas as bandas de rock sempre existiram e estão aí até hoje. Por isso acho que a música underground de Recife é muito mais que o mangue,
até porque o mangue veio depois de tudo isso.
Quando formei o Ataque Suicida nem existia o Chico Science, mas muita gente lá fora acha q só fazemos música com tambor.
Wander - quais os planos da Contrataque para os próximos meses?
Márcio - estamos atrás de levar nosso CD e nossa música para fora do estado, através de bandas como Devotos e Nação Zumbi, que são nossas parceiras, que levam nosso CD pra o sul do país.
Mas já estamos pensando em gravar outro álbum com músicas novas e tentando fazer alguns shows no Sul e Sudeste no mês de Novembro.
Wander - o disco recém lançado de vocês contou com a produção do Canibal. Como foi trabalhar com um ícone do rock pernambucano?
Márcio - sou amigo do Cannibal há mais de 15 anos, sou o cara que confecciona todo material gráfico da banda Devotos e já existe uma afinidade musical. Trabalhar com os caras é foda, eles são de uma harmonia muito foda, até porque a produção mesmo foi do guitarra (Neílton) e do batera (Celo) da Devotos. Sou muito fã da banda e dos caras, pela união e cumplicidade que eles têm. Foi muito foda mesmo fazer esse disco com a produção deles.
Wander - o que você tem ouvido ultimamente? Que bandas recomendaria?
Márcio - tenho ouvido uma banda muito boa daqui de Recife chamada Moribundos, que é um blues muito cheio de Rock'n'roll clássico. Muito bom. E também ouso muito: Rage against, que voltou ... (que bom!) Black Sabbath, Ratos de Porão com disco novo, Maria Betânia, Gal Costa, Maria Rita. Muito doido isso, né? Ouvir ao mesmo tempo porrada e Mpb...
Wander - qual sua relação com a literatura? Que livro recomendaria?
Márcio - cara , aqui em casa todo mundo lê muito. No momento tô lendo o livro recém-lançado da banda Devotos, que é muito foda, fala de tudo que os caras passaram ao longo dos 22 anos de banda e do Alto Zé do Pinho, que é maravilhoso. Recomendo.
Wander - deixe uma mensagem para os leitores do blog.
Márcio - bom, acredito que a melhor mensagem que se pode passar é de que as pessoas se alimentem da cultura o máximo que puderem. E não precisamos de muito pra isso. Temos livros, discos, teatro, cinema, entre outros. O lance é abrir a cabeça pra única fonte de informação que nos forma pra tudo na vida, A CULTURA. Não basta ser bom no que fazemos, temos que ser competentes, só assim podemos nos destacar no meio de uma infinidade de pessoas.
Wander - Obrigado.
Wander - fale um pouco sobre você.
Márcio - sou um gráfico formado e atuante até hoje. Conheci a música (o rock) através de um disco de vinil dos Ratos de Porão, desde então passei a ser fã da banda; e foi 3 anos depois que tive a idéia de formar minha primeira banda, chamada Ataque Suicida. Só que nem tudo são flores. Depois de 12 anos de banda e shows importantes como Abril pro Rock, Skol PE e outros, ocorreram desentendimentos e saí da banda, levando meu amigo batera comigo, e formamos o Contrataque.
Wander - até hoje muitas pessoas persistem com o pensamento de que a música de Pernambuco se resume ao que foi feito no movimento mangue. Como você e a banda lidam com esta situação?
Márcio - vi o movimento mangue surgir, e vi que depois de Chico ele não era mais o mesmo. Muitos malucos querendo ser Chico e coisa e tal... Mas as bandas de rock sempre existiram e estão aí até hoje. Por isso acho que a música underground de Recife é muito mais que o mangue,
até porque o mangue veio depois de tudo isso.
Quando formei o Ataque Suicida nem existia o Chico Science, mas muita gente lá fora acha q só fazemos música com tambor.
Wander - quais os planos da Contrataque para os próximos meses?
Márcio - estamos atrás de levar nosso CD e nossa música para fora do estado, através de bandas como Devotos e Nação Zumbi, que são nossas parceiras, que levam nosso CD pra o sul do país.
Mas já estamos pensando em gravar outro álbum com músicas novas e tentando fazer alguns shows no Sul e Sudeste no mês de Novembro.
Wander - o disco recém lançado de vocês contou com a produção do Canibal. Como foi trabalhar com um ícone do rock pernambucano?
Márcio - sou amigo do Cannibal há mais de 15 anos, sou o cara que confecciona todo material gráfico da banda Devotos e já existe uma afinidade musical. Trabalhar com os caras é foda, eles são de uma harmonia muito foda, até porque a produção mesmo foi do guitarra (Neílton) e do batera (Celo) da Devotos. Sou muito fã da banda e dos caras, pela união e cumplicidade que eles têm. Foi muito foda mesmo fazer esse disco com a produção deles.
Márcio - tenho ouvido uma banda muito boa daqui de Recife chamada Moribundos, que é um blues muito cheio de Rock'n'roll clássico. Muito bom. E também ouso muito: Rage against, que voltou ... (que bom!) Black Sabbath, Ratos de Porão com disco novo, Maria Betânia, Gal Costa, Maria Rita. Muito doido isso, né? Ouvir ao mesmo tempo porrada e Mpb...
Wander - qual sua relação com a literatura? Que livro recomendaria?
Márcio - cara , aqui em casa todo mundo lê muito. No momento tô lendo o livro recém-lançado da banda Devotos, que é muito foda, fala de tudo que os caras passaram ao longo dos 22 anos de banda e do Alto Zé do Pinho, que é maravilhoso. Recomendo.
Wander - deixe uma mensagem para os leitores do blog.
Márcio - bom, acredito que a melhor mensagem que se pode passar é de que as pessoas se alimentem da cultura o máximo que puderem. E não precisamos de muito pra isso. Temos livros, discos, teatro, cinema, entre outros. O lance é abrir a cabeça pra única fonte de informação que nos forma pra tudo na vida, A CULTURA. Não basta ser bom no que fazemos, temos que ser competentes, só assim podemos nos destacar no meio de uma infinidade de pessoas.
Wander - Obrigado.
Fotos cedidas pelo entrevistado. Na foto 1, o grupo está ao lado dos integrantes do Quinteto Violado, em uma parceria feita por eles.
07/10/2010
Nova antologia selecionando autores
A propósito, como há ainda um bom tempo para a inscrição, analisarei se eu também participo dessa. Bons contos a todos!
04/10/2010
Poesia na UFPE

Caros amigos que passam por este blog, comunico que logo mais aos 17 de outubro, se tudo der certo, estarei participando de mais um evento literário, desta vez na UFPE, contando com a ilustre presença do pessoal do movimento Silêncio Interrompido. Quando estiver mais perto da data darei mais detalhes; desde já sintam-se convidados todos aqueles que puderem dar um pulinho lá.
Foto: Silêncio Interrompido.
28/09/2010
Lygia em vídeo-conto
Oi, como tenho estado meio atarefado nos últimos dias não pude me dedicar ao blog, deixo então para compensar o belo conto "A medalha" da minha adorada Lygia Fagundes Telles, interpretado pela grande Maria Luísa Mendonça no programa Contos da Meia-noite da TV Cultura. Espero que gostem.
23/09/2010
Sobre "A violinista"

De tema suavemente erótico, o conto apresenta um narrador que pouco afirma, apenas presume, convidando o o leitor mordido pela curiosidade a descobrir os porquês. O violino incessante parece tocar o réquiem do prazer e da vingança.
20/09/2010
Entrevistando Liane Schneider

Wander - na condição de mulher e de pesquisadora, como você avalia a representação da figura feminina na literatura de nossos dias? Você acredita que a literatura na atualidade tem dissipado o "ar misógino" que muitas vezes esta chegou a apresentar ao longo dos anos?
Liane - eu particularmente prefiro utilizar a expressão ‘mulheres’ do que ‘figura feminina’, pelo próprio essencialismo implícito neste último termo. O que é ser feminina? Serão todas as mulheres e todas as escritoras e personagens igualmente “femininas”? Haverá necessariamente algo em comum entre todas as personagens femininas? No mesmo sentido prefiro utilizar a expressão “ literatura de mulheres” do que literatura feminina, o que trata tal autoria de forma menos pré-concebida.
Acredito que, por uma questão de temáticas abordadas, bastante marcadas pelas experiências vividas, grande parte das mulheres tende a se identificar mais com textos de outras mulheres. Por isso mesmo, não é casualidade que autoras brasileiras como Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Adélia Prado, entre outras, tenham assumido um lugar fundamental no que se refere a tal produção. A obra delas certamente ultrapassa o rótulo – ‘literatura feminina’ – até desconstruindo tal noção em muitas oportunidades. Contudo, elas falam sobre coisas que interessam a diversas mulheres (e, obviamente, alguns homens também) e, apesar de serem mais ou menos rebuscadas, conseguem manter um bom e fiel público leitor ao longo de décadas, tanto no território nacional como internacional. Talvez, porém, se não fosse a existência e desenvolvimento da crítica de cunho feminista, algumas destas obras passariam em branco, já que a crítica mais tradicional não demonstrava grande interesse inicial em garimpar novos nomes de autores e autoras provenientes de lugares e posições diferentes daquelas tradicionalmente atreladas aos intelectuais nacionais – historicamente brancos e masculinos. No que se refere à segunda pergunta, portanto, tenho certeza que, sim, as coisas mudaram e muito. O discurso é outro, o feminismo é outro, o que não quer dizer que todas as misoginias foram vencidas, mas sim, que há melhores instrumentos para se lidar com elas.
Wander - que grandes autores você citaria como recomendação aos leitores deste blog?
Liane - recomendar é tentar indicar algo não óbvio, certo? Neste sentido, eu recomendaria a leitura do que Conceição Evaristo tem escrito, que vem crescendo cada vez mais em dimensão; dentre seus poemas e romances, destacaria Ponciá Vicêncio. Aqui na Paraíba, Maria Valéria Rezende tem escrito contos e romances interessantíssimos. Nos Estados Unidos, falando muito da Índia, Jumpha Lahiri. Alguns dos outros grandes, a meu ver, são Clarice Lispector, William Faulkner (EUA), Dionne Brand (Canadá). Em teoria, Edward Said, Stuart Hall, Judith Butler.
Wander - como costumo perguntar a todos que são entrevistados, o que anda ouvindo de boa música e o que recomendaria?
Liane - gosto muito de algumas composições de Vítor Ramil, músico gaúcho que esteve em João Pessoa há poucos dias. Aliás, sua música e literatura são de grande qualidade, a meu ver.
Wander - você acredita que o ensino de literatura tem melhorado nas escolas e universidades? Que medidas você sugere para superar a grande deficiência que muitos alunos têm no que tange à leitura?
Liane - essa pergunta pode render um livro ou uma vida de estudos. Mas vá lá, vamos dar o passo inicial da minha trilha. Acho que motivar alguém que, a priori, não gosta de ler é algo dificílimo. Muitas vezes é falta de hábito e habilidade em lidar com o material. Ás vezes, ler em sala, em voz alta, é uma opção. Noutras, encenar estórias antes de lê-las. E por aí vai. Acho que ir do próximo ao distante é algo que estimula também. Permitir que relações entre contextos conhecidos e desconhecidos sejam estabelecidas, permitindo algum tipo de identificação provisória por parte dos leitores. Fui muito sucinta? O que se há de fazer, é meio estilo. Entrevistar Liane é poupar caracteres.....mas vamos à mensagem...
Wander - deixe uma mensagem para os leitores do blog.
Liane - na verdade não é minha, mas de Nathaniel Hawthorne, citada como epígrafe do livro Terra Descansada, de Jumpha Lahiri:
A natureza humana não irá vingar, não mais do que uma batata, se for plantada e replantada no mesmo solo exausto durante uma sequência demasiado longa de gerações. Meus filhos nasceram em outros lugares, e até onde eu puder controlar seus destinos, irão fincar raízes em terra descansada.
(Nathaniel Hawthorne, “The Custom-House”)
Mudanças de terreno, de ares, dar descanso ao antigo, tudo isso faz muito bem – às batatas, às pessoas, às gerações, à literatura, enfim.
Wander - obrigado.
Foto cedida pela entrevistada.
17/09/2010
O casamento entre blogs e literatura (parte IV)

16/09/2010
13/09/2010
Sexo e violência, baby! (parte V)

Não condeno jamais o uso de cenas/ situações meramente atrativas aos olhos ou ao imaginário do apreciador de uma obra, sem qualquer contribuição estética para a mesma, ou seja, o fanservice em uma obra. É certo que esse conceito é comum do mundo dos animes, mas pode ser facilmente estendido a qualquer tipo de arte, cinema, literatura, etc. Provavelmente você já se deparou em alguma obra com alguma cena que "poderia ter sido cortada sem prejuízos", muitas vezes envolvendo sexo e/ ou violência exacerbada. É fato que este recurso atrairá mais pessoas para a obra, independente da qualidade do seu resultado. Nos parece então uma forma de auto-propaganda, e como tal, tolerável - desde que não deturpe o significado da obra em si. Desse exemplo de recurso muito usado caímos numa discussão também já feita aqui, sobre as relações entre arte e propaganda, sendo impossível não falar destas neste caso. Reitero, não condeno o fanservice, até porque a idéia do que é realmente fanservice numa obra depende de uma análise extremamente apurada, impossível muitas vezes de ser feita em meros segundos de observação. Cabe então o bom senso de quem aprecia a obra em ver se há o fanservice e se este não chega a descaracterizar a obra. Vale então, acredito, a máxima classicista tão vista no Ensino Médio: "nada em excesso".
Deixem, se possível, seus comentários sobre o fanservice.
09/09/2010
08/09/2010
Vídeo-conto: "Uma vela para Dario", de Dalton Trevisan
Para os amantes da boa literatura deixo aqui um conto do Dalton Trevisan, Uma vela para Dario, narrado. Para quem já conhece talvez não tenha lá muita graça, mas serve para apresentar o texto para quem por aqui passar.
06/09/2010
Prog, Indie e Fusion: primos? (parte V)

Figurinha carimbada no playlist dos admiradores do rock progressivo, os franceses do Magma podem não ter obtido a projeção de Yes e Pink Floyd, mas conseguiu contruir (na verdade arté hoje constrói) algo ímpar, a partir da criação de uma estética avant-garde de muita qualidade que deu origem ao Zeuhl. Talvez o fato de sua pequena projeção se deva ao experimentalismo em excesso da banda, o que, seguindo minhas observações, os deixam pertinho de ícones fusion ou da cena indie. Sem dúvida, as sucessivas linhas de vozes inspiradas na música gospel, fundidas à língua criada pelo líder da banda, Christian Vander, o Kobaian, soam belíssimas, embora custo da perspicácia do ouvinte. Um dos principáis elementos de aproximação entre artista e ouvinte se dá pela letra. Sendo assim, um idioma criado originalmente funciona como um distanciamento proposital, o que talvez justifique o pequeno número de fãs da banda, em comparação com outros grandes nomes citados. O resultado de tudo isto é uma bela banda, que tem nesses excessos seu principal mérito e característica. Grande banda!
03/09/2010
Livro I; Cap XIII - O torneio se inicia
Todos rumaram para a Arena, mas nem todos se dispõem a participar. o bardo duvidava muito de suas habilidades, não se sentindo à vontade para participar, ainda mais ao saber o sistema de lutas: batalhas em trios, os dois trios combatendo ao mesmo tempo. Sendo assim, prefiriu olhar da platéia.
- É realmente perigoso para tods nós participarmos - disse Zephir. - É melhor escolhermos quem de nós forma um grupo forte e pronto.
- Aumentaremos as chances de ganhar se formarmos mais grupos.
- Legolas tem razão, além disso, não quero ficar fora dessa.
- Saruman, você é um feiticeiro! Vai entrar num torneio onde você pode enfrentar guerreiros muito poderosos!
O feiticeiro não queria saber, estava decidido a entrar no torneio. Zephir pensou bem e achou que a idéia de Legolas era boa, se formassem três grupos a chance de por a mão nos prêmios seria maior. Mas faltava convencer Kailan.
- Eu, não sei se consigo, gente! E... e se houver um confronto entre nós mesmos?
- Você só morre se for um mole!!! - bradou Hildegard. O anão por sua vez disse que ninguem precisava matar o outro, bastava uma luta justa e todos sairiam felizes. O bardo, ainda exitante, falou:
- Só que somos oito, para três grupos, precisaríamos de mais um.
- Chamamos qualquer um por aí, e se depois ele quiser encrenca pra dividir o prêmio matamos ele! - mais uma vez Hildegard lança suas idéias apocalípticas. Zephir concorda em arranjar um parceiro, mas ressalta que não havia necessidade de mortes.
Por fim todos se inscreveram. Passado um dia, logo pela manhã, foram para as batalhas, e primeira delas seria entre...
- É realmente perigoso para tods nós participarmos - disse Zephir. - É melhor escolhermos quem de nós forma um grupo forte e pronto.
- Aumentaremos as chances de ganhar se formarmos mais grupos.
- Legolas tem razão, além disso, não quero ficar fora dessa.
- Saruman, você é um feiticeiro! Vai entrar num torneio onde você pode enfrentar guerreiros muito poderosos!
O feiticeiro não queria saber, estava decidido a entrar no torneio. Zephir pensou bem e achou que a idéia de Legolas era boa, se formassem três grupos a chance de por a mão nos prêmios seria maior. Mas faltava convencer Kailan.
- Eu, não sei se consigo, gente! E... e se houver um confronto entre nós mesmos?
- Você só morre se for um mole!!! - bradou Hildegard. O anão por sua vez disse que ninguem precisava matar o outro, bastava uma luta justa e todos sairiam felizes. O bardo, ainda exitante, falou:
- Só que somos oito, para três grupos, precisaríamos de mais um.
- Chamamos qualquer um por aí, e se depois ele quiser encrenca pra dividir o prêmio matamos ele! - mais uma vez Hildegard lança suas idéias apocalípticas. Zephir concorda em arranjar um parceiro, mas ressalta que não havia necessidade de mortes.
Por fim todos se inscreveram. Passado um dia, logo pela manhã, foram para as batalhas, e primeira delas seria entre...
Continua...
31/08/2010
Arte e propaganda (parte II)

Continuemos então o debate sobre as relações existentes entre a arte e a propaganda. Rondando os fóruns e blogs internet afora percebo que existe um grande repúdio por parte daquele que percebe que o artista com que se depara é "vendido", "produto de mídia", "traidor do movimento", etc. Que fique claro que isto não é uma prática muito saudável para a arte, mas também não podemos ser categóricos em definir o que verdadeiramente tem qualidade ou não. A Katy Perry (foto) tinha uma carreira gospel bastante humilde; lançou um single em que sugere ter beijado uma menina e voilá! Sua vida toda mudou. Eu não tenho nenhuma simpatia pela Katy Perry (pelo menos não como artista, já que as morenas me agradam), diga-se de passagem, mas não é isto que quero exibir. O que pretendo é fazer com que você, leitor, observe este movimento externo, que considere sua existência e que pense a respeito de outros artistas que admira. Como é o comportamento deles perante à mídia? Você aprova ou reprova este comportamento? Enfim, dá pra dissociar arte e propaganda? To be or not to be? Eis a boa e velha questão. Discutamo-na.
29/08/2010
Como foi o Sarau Integrado de 14/08 (parte final)

No saldo, talvez se sentisse a ausência de algumas pessoas comumente vistas em eventos nas cidades de Itambé e Pedras de Fogo, mas isto não aconteceu, graças à força daqueles que lá estiveram. O resultando foi empolgante e com certeza deixou as portas abertas para mais eventos deste porte, sendo este o primeiro ali. Sendo assim, desejamos que muitos outros possam acontecer. A hora da arte é a hora da ação; ajamos, então. Obrigado.
Foto cedida por Philippe Wollney.
25/08/2010
Caracol de Linguagem - o blog

Novidades para os apreciadores de literatura, especialmente de contos. Entrou hoje no ar o Caracol de Linguagem, blog de que eu falava aqui. O blog servirá como expositor das experiências de um grupo de estudos de Teoria da Literatura da UFPB e trará relatos, resumos, estudos e muitas coisas relacionadas a este gênero tão admirável. Sendo assim, aguardo a todos por lá, já que também postarei alguns textos sobre contistas que admiro.
Enjoy! ^^
22/08/2010
Como foi o Sarau Integrado de 14/08 (parte III)

Em seguida, tivemos a ilustre presença da Profª Drª Maria Luiza T. Batista (foto), da UFPB, apresentando aos presentes Julio Cortázar, tanto como contista quanto como ensaísta e tradutor. A apresentação foi muito boa e arrancouo muitas perguntas do público, já se mostrando interessados.
Alguns disseram sentir até vontade de se tornarem contistas depois da apresentação - se isso é verdade ou não, não sabemos; mas uma "sementinha" foi realmente plantada em todos os presentes, o que por si só já traz sucesso ao evento.
Logo mais falo sobre a última parte, onde a poesia rolou linda, leve e solta. Até lá.
Foto cedida por Philippe Wollnwey.
19/08/2010
Como foi o Sarau Integrado de 14/08 (parte II)

Foto cedida por Philippe Wollney.
17/08/2010
Como foi o Sarau Integrado de 14/08 (parte I)

Olá, amigos leitores deste blog. Trago agora uma série de relatos sobre o Sarau Integrado ocorrido na Casa da Cultura de Pedras de Fogo na última semana, dia 14/08. Organizado por Wander Shirukaya (eu), a poetisa Geisiara Lima e pelo pessoal já conhecido de Pernambuco do Silêncio Interrompido, contando com a colaboração da Diretora de Cultura local, Michele Brito, o evento foi um prato cheio aos amantes de literatura e destacou-se também pela pluralidade de linguagens artísticas encontradas. Além da poesia, tambem teve espaço o cinema a dança popular e as artes cênicas, culminando num bom público no anfiteatro da Praça da Mangueira, que ouviu atentamente e vibrou com as performances apresentadas. Logo mais esmiuçarei este evento para todos vocês, leitores. Até lá.
O Silêncio Interrompido também fez sua matéria sobre o sarau, confira-a aqui.Foto: Os poetas todos reunidos. A foto foi cedida por Philippe Wollney.